A cor da bola


Está aí a nova “inflamação” social. Milhares de pessoas escandalizadas com o fenómeno do racismo no Futebol. Provavelmente, a esmagadora maioria desta gente não se pronunciou antes, escandalizada com o facto de o Futebol constituir um valhacouto da violência - nem só verbal -, e onde todo o tipo de insultos e ofensas acontece repetidamente sem suscitar alvoroço.

Quero lá saber desta inflamação momentânea acerca do suposto insulto racista; insulto é insulto, seja qual for a sua natureza. Mas percebo que o anti-racismo está na moda, muito mais do que o racismo. Um maná para jornais e televisões.

Decorreu por aí uma campanha televisiva (de louvar) em que os filhos repreendem os comportamentos violentos dos pais; e até há um dirigente clubista que pretende escorraçar elementos “animalescos” das claques do seu clube (ainda será rematado para fora das linhas por ter dividido o clube!); e por aqui ficamos.

É óbvio que o discurso geral é sempre contra tais manifestações de agressividade e ódio, mas, e os actos?! Independentemente daquilo que discursam, todos os que apoiam e aplaudem o Futebol alimentam este fenómeno. Ora, experimentem lá fazer uma greve ao Futebol.

Se nunca me interessei grandemente por este showbiz (actividade que de Desporto não tem nada), nos últimos anos afastei-me completamente. Não dou para essa cloaca onde desemboca tudo, inclusive o pior que a sociedade tem – manifestado em comportamentos de manada, animalescos e irracionais – e que essa sociedade não mostra intenções de alterar.

«O Fernando [Peyroteo] havia de corar de vergonha se pudesse ver que o futebol dos golos e da festa se transformou num pântano de corruptos, onde não há decência nem decoro e de onde fogem todas as pessoas de bem. O mundo dos clubes portugueses de futebol é um triste palco voyeurista, metade "Casa dos segredos", metade dança do varão, onde os atores - dirigentes, assessores, árbitros, comentadores, juízes e todos aqueles sem talento a quem as televisões oferecem visibilidade à troca de audiências sem valor - representam o pior da nossa sociedade.» José Manuel Diogo in JN Março 2018

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