The Village: an epic series that depicts English rural life during the Great War |
O que a televisão por cabo me trouxe, no que toca ao cinema,
foi uma evidente libertação em relação à cinematografia norte-americana, à sua
manifesta infantilidade: no humor pueril; na superficialidade das abordagens;
no artificialismo das relações; no excesso de caracterização e maquilhagem, seja
num filme de época ou contemporâneo; e, sobretudo, na gritante falta de rigor
histórico, factual, que compromete qualquer possibilidade de verosimilhança. O
cinema norte-americano explora exaustivamente a vertente recreativa da 7ª arte,
pouco mais oferecendo, pelo que pouco mais se deve esperar dele.
Com essa libertação preconizada pela televisão por cabo com os seus inúmeros canais, deixei de ficar refém da política medíocre dos canais nacionais na aquisição de filmes e séries televisivas, maioritariamente provenientes da América do Norte. Passei a ver filmes melhores, quer no que concerne aos aspectos atrás apontados quer, até, na qualidade dos actores.
Comparativamente, a 7ª arte britânica é claramente superior à americana. Trata-se, obviamente, de uma apreciação subjectiva, assente no gosto pessoal e na proximidade cultural; mas toda a criação artística pressupõe isso, a relação com o espectador, e dela depende parcialmente.
É claro que existem excepções a essa “mediocridade” norte-americana pois tanto Hollywood como os “independentes” americanos oferecem, de vez em quando, excelentes produções, realizadores fantásticos e magníficos actores. Porém, se atendermos à escala da indústria norte-americana em comparação com a inglesa, ou mesmo a europeia na sua totalidade, tendo em conta a quantidade de actores, o número de produções, e o capital investido, não restam dúvidas que no outro lado do atlântico produzem quantidade enquanto no lado de cá se produz qualidade. Isso é claramente visível nos filmes de época, nas reconstituições históricas, na direcção de actores, e na superior qualidade dramática destes.
Mesmo nos inevitáveis filmes Policiais, que na américa estão obrigados a uma vincada dose de agressividade e violência - como se de filmes de Guerra ou Acção se tratassem -, até mesmo nesse género a filmografia europeia suplanta a americana, ao dividir a atenção do espectador entre um enredo que convida à reflexão e à especulação, e uma paisagem que mostra campos cultivados, aldeias pitorescas, ou arquitecturas urbanas centenárias, monumentos multi-seculares e interiores vitorianos.
- É que não tem nada a ver!
Isto é, uma realidade não tem nada para ver, mas a outra
tem.
E uma grande senhora dos ecrãs, aqui
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