A construção das “casas dos cantoneiros” foi iniciada em
meados do séc. XIX, mas foi a partir dos anos 30 do século XX que se verificou
o seu incremento - a que não é alheio o crescimento do parque automóvel e da
rede viária nacional -, bem como a adopção do estilo arquitectónico da maioria
desses imóveis que chegaram até aos nossos dias.
Nestas casinhas se abrigavam
os cantoneiros, os seus equipamentos e, nalgumas mais importantes, a papelada administrativa
referente aos trabalhos de manutenção das estradas, aos aspectos logísticos e à
gestão do pessoal. Algumas tinham, para além de quartos, refeitório e
instalações sanitárias, um forno exterior, garantindo assim as condições necessárias à permanência das
equipas de operários por um período mais ou menos dilatado, ditado pela
extensão e morosidade dos trabalhos a realizar. Outras mais simples acomodavam apenas um par de cantoneiros que executavam uma manutenção local e permanente,
compondo bermas, contendo a vegetação ou remendando algum buraco ocasional do
alcatrão viário.
Tendo perdido a sua função, as casas dos cantoneiros restam
como memória de um tempo em que o avanço da industrialização e o aumento do
número de viaturas, e da sua velocidade, obrigaram a rasgar novas estradas para
ligar cidades, portos, fábricas e mercados.
Hoje, abandonadas à beira das estradas, aguardam o colapso inexorável
que as intempéries vão anunciando.
Resta a possibilidade de serem recuperadas para fins de
turismo cultural ou ambiental, aproveitando a sua proximidade a perímetros
rurais, florestais ou costeiros, ou mesmo a sítios históricos em que a visita a
tais locais de memória, frequentemente de idílica serenidade, se assumam como
objectivo para um retemperador fim-de-semana ou umas prazenteiras mini-férias.
F. Castelo
2015-12-01Casa dos Cantoneiros em Espinhaço-de-Cão |
Casa dos Cantoneiros em Lagos - Avenida dos Descobrimentos |
Sem comentários:
Enviar um comentário