À Direita sem complexos
João
Gonçalves *
No próximo sábado [23 Março 2019], vai ser apresentado o
Movimento 5 de Julho. Trata-se de uma iniciativa cívica e política inserida na
história da memória contra o esquecimento, para retomar uma expressão de Milan
Kundera.
Em 1979, várias circunstâncias concorreram para que, apenas
cinco anos decorridos sobre o 25 de Abril, toda a Direita democrática e
reformadora tivesse conseguido unir-se sob a égide da Aliança Democrática,
apresentada a 5 de Julho, e vencedora absoluta das intercalares em Dezembro. A
AD e os seus aliados visavam mais longe: acabar com o domínio do Estado
democrático, herdado da Ditadura e do PREC, pelo PS e a Esquerda.
Sá Carneiro
agregou todas as movimentações, partidárias ou não, posicionadas do lado da evolução
do regime para uma democracia liberal, atlântica, europeia e não socialista,
estabelecendo uma fronteira. Em Setembro, assinou com os Reformadores um acordo
bilateral que permitiu o alargamento da AD (PSD, CDS e PPM) a este movimento e
a independentes.
Nomes como Medeiros Ferreira, Francisco Sousa Tavares, José
Manuel Casqueiro ou Nuno Godinho de Matos figuraram posteriormente como
deputados da AD entre 1979 e 1980. Outros como António Barreto, Álvaro Barreto,
Almeida Ribeiro, Freitas Cruz, Serra Lopes, Vaz Portugal, Proença de Carvalho,
Eduardo Figueiredo, Sarsfield Cabral, Medina Carreira, Manuel de Lucena, Miguel
Cadilhe, Miguel Veiga, Paulo Mendo, Raul Rosado Fernandes, Torquato da Luz,
Victor da Cunha Rego ou Vítor Direito subscreveram, em Novembro de 1979, o
documento "Mudar Portugal - bases de solidariedade estratégica" de
apoio à AD e a estas candidaturas.
Como ali se escreveu, "ao apontar
vigorosamente uma determinada direcção, queremos congregar muitas vontades até
agora dispersas ou mal seguras de si, para além de todas as eleições
legislativas ou presidenciais, na perspectiva de um combate social e político
de grande envergadura, longo, árduo e multifacetado". O Movimento 5 de
Julho, reunindo militantes do PSD, do CDS, da Aliança, da Intervenção Liberal e
muitos independentes, é tributário desta história que contei brevemente por ter
feito parte activa dela.
Talvez seja, aliás, dos seus poucos sobreviventes
entre os fundadores do Mov 5.7, o que significa que a Direita - unida cultural,
intelectual, social e politicamente, por esta ordem - é afinal muito jovem. E
que, nas palavras do Miguel Morgado a quem tudo isto se deve, voltará a
refundar-se para depois se federar sob uma base comum desafiadora da paz podre
da hegemonia totalitária socialista.
* Jurista
O AUTOR ESCREVE SEGUNDO A ANTIGA ORTOGRAFIA
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