O meu Verão
chegou hoje, e com ele o calor incómodo que não deixa dormir.
Cereja, o
tanas.
Se há coisa de
que nunca gostei é dessa invenção tomatal que dá pelo nome de Cherry. Logo,
porque é um nome meio abichanado, soa a chérie, e enganador pois trata-se de um
tomate e não de uma cereja (cherry); um frutinhozinho enfezado e distante do
verdadeiro tomate másculo das hortas portuguesas, daqueles que enchem as mãos e
o estômago quando seccionados pelo equador, exibindo o corte dos hemisférios prontamente
polvilhados com sal grosso e devidamente esfregados um no outro para entranhar na
polpa vermelha os cristais do maravilhoso cloreto de sódio.
Cherry é
nome de gato de companhia ou bombom licoroso mas nunca nome de um fruto nobre que
há séculos providencia a alimentação de verdadeira gente de trabalho. Para uns
é legume para outros hortaliça, mas todos conhecemos pela simples designação de
TOMATE.
Tomate Cherry
é coisa pindérica citadina para alimento de cús finos. Acresce que aquelas ridículas
bolinhas vermelhas lembram as respectivas do azevinho, não comestíveis, e
apenas colhidas para uso decorativo. E o sabor? Que dizer do sabor, ou da
ausência dele naqueles minúsculos pseudo-tomates? Que regressem ao bonsai de onde
foram colhidos porque não são tomates dignos de homens com “t” grande, caramba.
Nua(s)
Olhavam uma
para a outra indecisas: - Tu primeiro.
– Não, não;
tu primeiro! Retorquiu a outra.
O impasse
haveria de chegar ao fim pelo que não prolongo a narrativa descrevendo o tempo
decorrido e o diálogo lacónico que o preencheu.
A primeira despiu-se
toda e a expressão apreensiva inicial foi dando lugar a um sorriso em crescendo
suscitado pela nova sensação de “liberdade”.
A outra já
se preparava para seguir o exemplo, rendida à concretização da velha aspiração de
se libertar da incómoda pele, quando a primeira foi bruscamente agarrada e, num
ápice, devorada. A segunda banana teve idêntico destino, claro.
Astronauta e
Cª.
- Quando for
grande quero ser marinheiro, astronauta, cozinheiro…
- ERRO!
ERRO, PUTO! Porque raio queres ser isso quando fores grande? É em pequeno que
se deve querer tais coisas, afinal de contas quer o navio, a nave espacial ou a
cozinha têm mais espaço para explorar. Sendo grande, quere-se é uma enorme
espreguiçadeira onde recordar as explorações feitas em pequeno.
Tomate
Cherry é que não.
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