O pensamento racional assenta num método, numa reflexão, que
possibilita chegar a uma conclusão sobre algo. Este racionalismo assenta na
acção do pensamento crítico a fim de chegar a uma conclusão lógica.
O conhecimento racional é aquilo que podemos obter através do uso da razão,
i.e. por meio da compreensão dos fenómenos da realidade que os nossos sentidos
captam, e da sua análise de acordo com métodos reconhecíveis, demonstráveis e
compreensíveis. E o pensamento científico é a capacidade de formular ideias e
representações mentais de forma racional e objectiva.
Isto significa que o conhecimento racional é muito amplo, pois engloba o
conhecimento científico, o empírico e o filosófico, embora todos eles sejam
diferentes.
Alguns pensadores afirmam que todo o conhecimento, sendo humano (passando pela
nossa mente) é, em última análise, racional. No entanto, o conhecimento
racional, enquanto fruto do raciocínio deve ser ausente de emoções,
preconceitos, sensações, intuições ou valores subjetivos. Ora, não é isso o que
mais frequentemente passa pela nossa mente.
O mais importante sobre o conhecimento racional é que ele decorre da razão, ou
seja, para adquiri-lo, deve ser feito um esforço consciente, metódico, muitas
vezes argumentativo, que obedeça às leis formais da lógica. Uma das ferramentas
mais importantes do pensamento racional é o método analítico, que consiste em
decompor o todo em partes simples, que são mais facilmente analisadas e
explicadas. Portanto, pode ser transmitido, demonstrado e replicado, como é o
caso da ciência experimental.
O conhecimento racional opõe-se ao conhecimento intuitivo, que não é
demonstrável, e ao conhecimento religioso, que se baseia na fé e é dogmático,
incapaz de explicações demonstráveis. Ainda que, até mesmo na aplicação dos
métodos científicos, seja impossível garantir uma objectividade absoluta e, por
isso, mesmo nas formas mais racionais pode persistir uma margem mínima de
subjetividade.
Alguns exemplos de conhecimento racional:
O conhecimento científico, em que as condições em que ocorre um determinado
fenómeno são reproduzidas num ambiente controlado a fim de isolá-lo e
compreender como funciona, tirando conclusões fiáveis sobre a sua lógica
subjacente. Tudo isso seguindo o método racional de verificação, demonstração e
validação;
O conhecimento técnico, que tem a ver com o uso de ferramentas e resolução de
problemas, e que passa pelo entendimento consciente delas a fim de encontrar a
sua forma correcta de uso.
O conhecimento filosófico, que aspira a compreender a realidade e a existência
humana a partir de reflexos, ou seja, sem proceder a experiências mas sim a
demonstrações formais de validade dedutiva.
Como referi atrás, existem outras formas de conhecimento que, embora não se
subordinem ao pensamento racional, também fazem parte do conhecimento humano,
desempenhando um papel importante, por vezes até exagerado, como:
O conhecimento empírico, que se adquire por experiência directa, repetição ou
participação, sem exigir uma abordagem do abstracto, mas apenas das próprias
coisas;
O conhecimento intuitivo, que se adquire sem necessidade de raciocínio formal,
de modo rápido e inconsciente, resultante de processos frequentemente
inexplicáveis;
O conhecimento religioso, que está vinculado à experiência mística e
espiritual, ou seja, ao conhecimento que aborda a relação entre o ser humano e
o divino.
O materialismo apresentou amiúde o racionalismo como valor único do pensamento
humano, reconhecendo o papel do empirismo mas descartando as demais formas de
conhecimento atrás referidas, por assentarem em simples ‘opiniões’, não serem
cientificamente demonstráveis e não obedecerem aos formalismos racionais da lógica.
Porém, se é verdade que a humanidade não teria chegado onde chegou sem o
contributo da Razão, mormente na aplicação da Filosofia, da Ciência e da
Tecnologia, também é verdade que nas sociedades antigas, sem as imposições
dogmáticas das religiões (factores organizadores das comunidades,
fiscalizadores de atitudes e cerceadores de transgressões), nunca se teria
passado da Idade da Pedra.
Compreendo que não é possível, nem sequer desejável, descartar qualquer dos
tipos de conhecimento em uso pelas sociedades humanas já que isso
corresponderia a um artificialismo sem correspondência com os impulsos naturais
- ainda que nem sempre racionais -, da espécie humana.
No entanto não deixa de ser essencial para a humanidade, ter consciência das
mudanças e das evoluções, e estar preparada para reformar aquilo que já não lhe
é útil, sendo, até, prejudicial à continuação da sua marcha. Esta escolha
resulta, também, da aplicação do conhecimento racional, aquele que oferece
melhores garantias à continuação da espécie, o mais importante em uso pelos
seres humanos.
É assustador verificar como nesta sociedade da informação, a estultícia, a
ignorância e a loucura, ganham projecção, público e aplausos, destronando a
racionalidade e substituindo as conquistas da Razão.
Desde os revisionistas da História, com a sua agenda do politicamente correcto,
das suas ‘doxas’ (opiniões) sem qualquer fundamento factual; da crença wokismo
aos terroristas da cancel-culture, uns e outros empedernidos cancelados
mentais; pulula na sociedade actual uma plêiade de caracteres zoomórficos que
deveriam estar encerrados em reservas animais… em África.
Esta macacada multicolorida, inconsciente e pseudo-revolucionária, vem
desafiando velhas ideologias, igualmente radicais, e espicaçando as tradições,
como se fosse possível julgar a marcha pretérita da humanidade, com todos os
seus erros, omissões, exageros e horrores. Como resultado, poderemos ter de
novo aquilo com que o passado, desumano, já nos brindou repetidamente.
A Razão manda que se aprenda com os erros do passado, para que não se repitam.
A Razão não perde tempo com julgamentos inúteis, histerismos de vestes rasgadas
e desfiles de carpideiras assexuadas.
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