A Televisão é inimiga da cultura
porque ilude os telespectadores e, por maioria de razão, os participantes nos
seus “concursos de cultura geral” materializados naquelas sessões de perguntas
e respostas sobre algo que podemos considerar como “conhecimento de um certo enciclopedismo”,
coisa bacoca que nada deve à sabedoria.
A Televisão é inimiga da cultura porque
apresenta temas e questões demasiado eruditas para a sua audiência, ponto
final.
Há poucos minutos, perguntava-se
num canal nacional, para as mesmas respostas (ver imagem), qual daquelas
pessoas nunca tinha pintado o retrato de um Presidente da República.
Perante o assombro da concorrente,
que olhava para o painel como um boi olha para um palácio, usaram o recurso de
mudar a pergunta, mantendo as mesmas respostas (ver imagem).
O resultado foi idêntico e mais
uma vez foi accionado o recurso, desta vez mudando a concorrente. E a nova candidata
a um prémio, que ignoro qual seja, acabou por acertar na resposta apostando no
nome que lhe parecia o mais antigo (de facto Columbano Bordalo Pinheiro soa a mais antigo do que Gonçalo M. Tavares,
porque na actualidade Columbano não é um nome próprio usual). Enfim, é a verrina
da Televisão, moendo a cabecinha das gentes “normais” com idiotices ligadas à
cultura. Porque é que não perguntam sobre coisas que demonstram a verdadeira
sabedoria das pessoas, como por exemplo, quantos são 12+7 ou quantos amores
concorrem na famosa canção do Marco Paulo, já para não falar sobre o
conhecimento dos horários das telenovelas?
Ouçam o que vos digo: A Televisão
está a prestar um mau serviço a este povo, e já é altura de alguém fazer alguma
coisa para acabar com esta vergonha. Perguntas eruditas, não! Isso é
discriminação intelectual!
PS: - Havia um empresário local
proprietário de umas tantas prateleiras com livros que decoravam uma sala na
sua opulenta habitação. Porém, honesto, confessava àqueles amigos que lhe
admiravam os extensos metros lineares de livros, que não gostava de ler pois nunca
tinha adquirido tal vício; e explicava: “para não parecer um completo iletrado,
decorei os títulos dos livros e os nomes dos autores, embora os misture por
vezes”.
Desta forma o homem não era realmente
um “completo iletrado” mas apenas um iletrado parcial, naquela parte que
respeita ao conteúdo dos objectos literários, ou melhor, dos objectos
decorativos.
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