Já o insigne Umberto Eco observava, com aguda lucidez: «As redes sociais deram voz a uma legião de imbecis». E não se poderá negar que a Internet, enquanto meio de comunicação universal, propicia — e até exacerba — o discurso dos idiotas: aqueles cuja actividade neuronal se limita à musculatura mínima necessária para o acto de escrever (com maior ou menor profusão de erros gramaticais, ortográficos e conceptuais).
Digo que potencia, porque é da natureza do idiota desejar fazer-se ouvir. Há nesse impulso uma urgência quase fisiológica, um reflexo intrínseco ao seu estado cerebral. Os brasileiros chamam-lhes antas, nós, com propriedade vernacular, denominamo-los grunhos, asnos ou, em versão mais tecnocrática, utilizadores com megafone.
E protestam, quando confrontados com tal realidade — o que é, igualmente, natural. São idiotas, e como tal, carecem da capacidade para lidar com qualquer crítica que lhes vá à essência. O nosso erro, enquanto sociedade já de si atordoada, reside em dar-lhes atenção; em vez de os considerarmos, simplesmente, emissores de ruído — lixo comunicacional, em estado gasoso.
Quando, por exemplo, num grupo de discussão local, alguém questiona como contactar determinada empresa ou instituição, sem ao menos tentar aceder à página oficial da mesma, não estamos perante um gesto de ignorância inocente, mas de preguiça intelectual, de indolência crassa.
E, ao obterem o “auxílio” solicitado, permanecerão ignorantes como dantes, pois nada aprenderam, continuando dependentes de novos pedidos, em incessante ciclo de mendicância informativa. São asnos, não por desconhecimento pontual, mas por renúncia voluntária ao conhecimento.
Em nome da biodiversidade moral e zoológica em que se vêm tornando as sociedades humanas, poderíamos continuar a alimentá-los com a palha que, insistentemente, pedem. Mas também poderíamos, com espírito pedagógico e um resquício de esperança, indicar-lhes o caminho da resolução — ensinando-os a pescar, em vez de lhes servir eternamente o peixe, em postas generosas e gratuitas.
Todavia, mais difícil do que redimi-los, é ignorá-los. O seu zurrar contínuo fere o tímpano colectivo, moe o espírito, e impregna o espaço público com um hálito de asinice triunfante.
Se o preconceito é dirigido aos estuporados e imbecis do mundo, não será preconceito, mas instinto de preservação da espécie. Se a intolerância é contra o obscurantismo e a ignorância cultivada, então não é intolerância, mas acto de legítima defesa do progresso civilizacional.
Sem comentários:
Enviar um comentário