É o Rei que vai nu?


 

«Populismo é uma ideologia política que considera a sociedade dividida em dois grupos homogéneos e antagónicos: “o povo puro” contra “a elite corrupta”. Defende que a política deve ser a expressão da vontade geral do povo.


Alguns pontos em comum com o fascismo: Anti-intelectualismo e desprezo pelas instituições democráticas. Os movimentos populistas desvalorizam frequentemente a imprensa livre, os tribunais independentes e as universidades, instituições que o fascismo também via como obstáculos à “vontade do povo”.


Culto à liderança carismática: O fascismo centra-se numa figura autoritária. Muitos populismos também se organizam em torno de líderes carismáticos que se apresentam como os únicos intérpretes da vontade popular.


Polarização extrema: A lógica binária “nós, o povo, contra eles, a elite ou os inimigos” é comum tanto ao populismo como ao fascismo. Esta polarização pode levar à deslegitimação total da oposição.»

Mas, quem é este “povo puro”? Claramente, no caso português, uma caldeirada de gente compreensivelmente revoltada com as vigarices e desmandos dos políticos em geral e dos governantes em particular, encabeçados por um grupo de políticos, supostamente de consciência afiada e moral irrepreensível (embora a realidade e a natureza dos episódios que protagonizam desmintam tais qualidades), que saltaram de outros partidos onde não tinham público nem apoio para difundirem as suas convicções, ou que eclodiram dos buracos onde hibernavam, de onde invectivavam, repetidamente, a Política, essa porca que nem presuntos fornece.

À mistela junta-se uma figura tutelar que sugira aquele líder providencial de pulso firme, capaz de chamar os bois pelos nomes e pugnar pelo restabelecimento da prática dos safanões e tabefes a aplicar pelas forças da Ordem aos desordeiros de ideias e pensamentos disparatados.

Tudo isto lançado à turba ignorante e mentalmente corrupta, turba igual aos apoiantes do lado oposto (de quaisquer lados, sejam laterais, interiores ou exteriores) confere a mixórdia perfeita para o (re)estabelecimento de um regime autoritário que, a Bem da Nação, ignorará os direitos dos cidadãos e protegerá um suposto denominador comum, ou herança da raça lusa, tal como a dos cavalos lusitanos ou dos porcos alentejanos (refiro-me aos animais não aos indígenas).

Sendo estes desatinados, arautos de uma direita extremista, filhos dos acéfalos e manhosos democratas da esquerda, está garantido o chinfrim no jardim zoológico à beira-mar plantado, chinfrim somente entrecortado, fugazmente, pelo grotesco silêncio do período de reflexão.

Pela minha parte, e não contando com uma tromba como o elefante, usarei uma vuvuzela.
Votai. Votai. O mal não vem de quem não vota! 

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