Nuvens
pesadas e escuras corriam rapidamente deslizando pelo céu negro, frio e
medonho… não, não, não é nada disto.
Era um dia soalheiro com a plenitude da luz reverberando naqueles pequenos
tufos que eram as cabeças doiradas dos girassóis, e ali perto cantava afinado
um pássaro qualquer…. Não. Tampouco é isto.
Merda para estes princípios costumeiros fazendo dançar o estado do tempo e
luzir as paisagens da Natureza, mais do que conhecidas, vividas, retratadas,
descritas, repetidas até à náusea em milhares de romances e contos. Merda para
isto.
Torcia-se cá dentro, rasgando e dilacerando tecidos e banhas, e o rosto já não
era de um simples e grotesco esgar, mas uma máscara caricatural, hedionda,
daquilo que fora uma face comum, enfadonhamente comum.
Ainda com suficiente energia, mas não me atrevi a puxar o facalhão com medo de
se me esvair a vida jorrando em fluxo quente e purpúreo para fora da abertura,
escolhendo deixá-la esvair-se como aquele pontinho eléctrico que apaga o
televisor a válvulas, encolhendo com um silvo agudo desde a imagem completa até
ao último electrão.
E depois o nada, nem sequer aquela sequência fílmica da vida desfiando para lá
dos olhos, no interior do cérebro. Apenas o nada, pronto.
Sim, este é um bom começo para uma narrativa na primeira pessoa. Só falta
imaginar o enredo com que a vida, que já não é, se vai defrontar no outro
plano.
Alguém quer continuar esta história, acrescentando-lhe duas ou três linhas?
Fica o convite. Eu vou passear a cachorra que já me ladra chamando.
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