Originalidades


 

Como posso dizer que isto ou aquilo é meu, esta ou aquela ideia são minhas? Com tudo o que li e leio, com o que vejo e ouço: na Internet; nos jornais; nos livros; nos filmes; no trabalho; na rua, etc; como é que posso sequer imaginar que me é possível construir/criar algo inteiramente meu e original?!

Os meus pensamentos e intuições, as minhas opiniões e acções são profundamente influenciadas pelo meio que me rodeia e pelos seus agentes; eu, receptor de todas essas influências, apenas as posso retocar e adaptar a situações que vivo ou conheço, nada mais.

E isso, preocupa-me? Não, de todo, mas verifico que existem pessoas que andam permanentemente à caça da cópia, da repetição, do plágio como se a literatura, por exemplo, não estivesse, na sua essência, toda concentrada nos clássicos, repetindo-se nos milhões de obras sequentes que apenas retocaram a maquilhagem.

Eu não tenho de ser original, mas devo querer ser autêntico, mesmo que aproveite aquilo que outros já disseram ou fizeram e que se ajusta perfeitamente àquilo que penso, quero e faço. A autenticidade é importante porque em vez de mostrar aquilo que sou ao mundo, mostro-o principalmente a mim próprio.

Eu não tenho de ter um propósito concreto e definido para a minha existência, uma linha de pensamento delimitada, um estudo de vida programado. Eu não tenho de assumir verdades profundas que fundamentem aquilo em que acredito e o modo como ajo. Não tenho porque a maioria das certezas são transitórias e o Mundo está em movimento e as mudanças acontecem a grande velocidade.

Eu tenho é de ter um lastro ético e moral elementar que balize as minhas reflexões e acções sobre o mundo e como me devo relacionar com os outros. A originalidade não passa de um valor secundário face a estas premissas, simples, que adopto como orientações.

Não acredito que outros não tenham dito isto ou coisa muito semelhante, e com mais fundamento e mestria. Provavelmente, já os ouvi ou li e disso resulta esta singela reflexão. Não é minha embora seja eu que a discurso neste momento.

A maioria das pessoas tem capacidade para reflectir e escrever assim (desde que alguém corrija os erros ortográficos - como é o meu caso sempre que vou publicar).

É lamentável que não se atrevam a escrever, ignorando que é um profundo e terapêutico exercício de auto-conhecimento, e que constitui uma excelente escola para melhorar a escrita.

Escrevam! Não precisa ser coisa original, basta que sejam autênticos. 
Mesmo que submetam ao ChatGpt a correcção ortográfica e a pontuação. [adenda de 2025]

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