Parece que a polícia municipal de Lagos conta actualmente
com 11 agentes. Já contou com 19 de um número máximo possível de 72 efectivos.
Porque é que a carreira não é atractiva e mesmo para alguns que a integram,
porque é que acabam por sair para outras forças ou mesmo para ocupações
profissionais que nada têm a ver com a segurança pública?
A resposta é múltipla e simples, começa pelo valor ridículo da remuneração dos
agentes, pouco acima dos 900€ brutos (o salário mínimo nacional vai subir para
870€), e segue ligeira com a exposição à verrina popular daqueles que só sabem
reclamar e injuriar o cidadão que desempenha tarefas de autoridade, enformando
depreciação e desprezo sobre a actividade e os próprios agentes em geral.
Convenhamos que não é uma ocupação atractiva, esta, de ser repetidamente alvo
de insultos, maledicência e incompreensão dos munícipes.
Algum público dirá que os candidatos já sabiam ao que iam, que essas
vicissitudes são ossos do ofício, que têm de aguentar, etc; mas isso não é
verdade. Em primeiro lugar os candidatos poderiam ter uma ideia de que iriam
ser alvo de um ou outro azedume episódico, mas certamente não imaginavam que o
menosprezo fosse constante e verrinoso; e a prova disso é exactamente o facto
de muitos desistirem de uma profissão para a qual sentiram um apelo e que
encaravam como uma ocupação digna embora por vezes difícil e perigosa. E é uma
ocupação digna, embora a estultícia das massas o não reconheça.
A opinião pública, cada vez mais imbecilizada, gera o alarido que ecoa nas
redes socias e, até, nos media, repetindo à exaustão a última moda do
pensamento wokista, cancelista e gruhnista (sim, de grunho = porco).
Enquanto cada vez mais seres, de ténue aparência humana, caminham de quatro
pelas ruas das cidades, de trela ao pescoço, rosnando, grunhindo, relinchando
ou miando a sua idiotice, aos agentes da ordem pública e da segurança (em
geral) resta a resignação imposta pelos ventos da democracia desregrada, da
racionalidade cerceada pelo politicamente correcto e agudizada pela primazia da
defesa dos direitos dos delinquentes. Tudo isto alimentado pela acção
‘revolucionária’ alter-modernista que espezinha, impune, as conquistas civilizacionais
cunhadas pelas democracias ocidentais ao longo da segunda metade do séc. XX.
É o que há, mas até quando?
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