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Caro L. C., de facto vivemos num país desgraçado. Desgraçado porque mal dirigido, mal comandado em todos os níveis: com maus políticos, maus administradores e maus empresários. 

Que o povo e a classe trabalhadora também não demonstrem possuir grande valor, é factor desprezível na equação já que todos os dias demonstram ser responsáveis e produtivos nos quatro cantos do mundo onde labutam. Não, o mal está mesmo na elite que nos dirige. E regresso aos grandes empresários: repare que deviam ser o motor principal do desenvolvimento mas apostam quase exclusivamente nas actividades seguras e de lucro fácil, como a construção civil e a venda a retalho. Na construção civil abocanham avidamente a teta do Estado perdulário e irresponsável, eterno cliente de faraónicas obras públicas. No comércio, grossista e retalhista, repetem erros cometidos há décadas noutros países – erros que hoje tentam corrigir; erros de urbanismo nas cidades, erros de concepção e estruturação do tecido económico e do comércio local e regional, erros que conduzem à asfixia dos pequenos empresários e à desertificação das zonas periféricas em (mau) proveito de grandes pólos centralizadores e da sobrecarga das metrópoles. 

E o conhecimento destas coisas em nada alterou as filosofias, as políticas e as decisões. O mau exemplo alheio não serviu de lição para os nossos decisores. Ainda hoje se aprovam e se deixam construir mais catedrais de consumo, gigantescas arcádias que no futuro só poderão vender a preço de cêntimos.

Claro que existem excepções no universo empresarial, mas como ressalvas que são não moldam a realidade nacional como seria necessário. Empresários e grupos económicos habituados a trabalhar com o dinheiro público (da banca pública, ou da privada segurada pela res publica), acocorados nas benesses fiscais de um Estado esbanjador e néscio, não constituem tecido vital para este país. Ao invés, portam-se como sanguessugas que, em parelha com o Estado pantagruélico, começaram por consumir a escassa riqueza produzida pela diminuta burguesia empreendedora e acabam devorando esses pequenos negócios, de contribuintes primordiais, numa autofagia perturbante.

Gostaria de acreditar na possibilidade de uma revolução, na viabilidade da acção directa, na espontaneidade da desobediência civil; gostaria de acreditar naquela esperança que acompanha todas as mudanças profundas, como a do Sol que vence a escuridão e ilumina um novo dia, mas não acredito. O mundo mudou, não numa semana, mas nas últimas décadas. Veio mudando e com ele também viemos mudando todos; para pior.
Haja Saúde, que inteligência e honestidade não há.