
Dia de chuva. Chuva miudinha, da que cai para chatear. Dia de chumbo que acinzenta o ânimo e a alegria. Mas, lá por cima dessas nuvens radia o Sol iluminando o que, cá por baixo, teima em tristeza. Só quem já atravessou estas nuvens numa Asa Delta e descobriu um dia de Verão para lá dessa cortina horizontal de água suspensa percebe quão efémero, falso e enganador é o dia cinzento. Deixo que umas volutas de fumo se soltem do fiel cachimbo e deixo, também, que me enganem essas singelas fumaças, vendo-as ascender e engrossar as névoas suspensas lá em cima. Em breve cairão em lágrimas de um pranto que, esgotado, revelará um sorriso renovado. E amanhã poderá ser dia de praia.