Radio aldrabices.
De importância
crucial na ocorrência de qualquer catástrofe natural de grande amplitude, as
comunicações deixariam de funcionar porque, erradamente, os irresponsáveis têm,
ao longo dos últimos anos, apostado em sistemas ineficazes. A falha na
alimentação de energia eléctrica que deixaria inoperacionais os sistemas
celulares de telefone móvel faria o mesmo a todos os outros sistemas de
telecomunicãções em VHF/UHF porque estes funcionam também numa filosofia
celular, com repetidores de sinal que ficariam off. Esperar que a requisição
dos radioamadores supra tal falha é erro pois a esmagadora maioria dos
radioamadores já não operam em bandas baixas, estando portanto na mesma
situação de utilização de bandas altas (VHF/UHF/SHF), dependentes de
repetidores para vencer uma centena de quilómetros. E dos que operam HF quantos
possuem alimentação eléctrica de emergência?
Em desuso, na maioria dos
lares, o "transistor" alimentado a pilhas, não constituiria, pois, a
ferramenta espectável para a recepção de comunicados que a Protecção Civil
necessitaria emitir através das rádios de cobertura nacional - já que as
rádios locais também não possuem meios autónomos de energia para os seus
equipamentos nem estão integradas numa rede alternativa de comunicação com as
autoridades que operam emergências. Falhando a linha telefónica e a rede de
celulares, falha tudo. Duvido mesmo que a GNR consiga comunicar de um canto ao
outro do Algarve, num cenário destes. Ainda vão a tempo de criar uma rede de
emissores de Bandas Baixas (HF), com posto emissor e alimentação energética
autónoma em cada central/núcelo da Protecção Civil. Mexam-se!
(o autor é ex-Radioamador e ex-director técnico da Rádio Atlântico Sul)