mais uma historieta


Terminei hoje um pequeno trabalho que comecei há seis anos. Na realidade, não representa mais do que uns três meses de trabalho a tempo parcial. A dezena e meia de páginas também não encerra mais do que três páginas de escrita inédita, descontadas as citações e transcrições e o espaço ocupado pelas gravuras. Isto é, para produzir um pequeno texto que resume o moroso trabalho de investigação sobre uma associação que perfaz este ano 75 anos de existência, foi necessário tal dispêndio de tempo com as tarefas de recolha de depoimentos orais, pesquisa de fontes escritas, confrontação dos dados e, finalmente, a construção do texto final.

E foi nesse final que fiquei a cismar acerca da produtividade de alguns investigadores que, no mesmo espaço temporal (consideremos os tais três meses), completam o circuito que vai da investigação (documental, imagética, epigráfica, etc), reflexão e formulação de soluções, até à redacção e edição, p. ex., da monografia de um sítio, em livro com mais de uma centena de páginas. Como é, isto, possível? Acaso se produz um trabalho destes como se da escrita de um romance se tratasse?

Concluo, portanto, que faço parte dessa gigantesca mole de incapazes e improdutivos portugueses com os quais este país jamais avançará… em frente.


E em frente… é o Oceano.

Que tristeza sentimos quando nos apercebemos da realidade. Afinal, não passo de um medíocre. Eu, que até sei nadar.

"Roubar ideias de uma pessoa é plágio. Roubar de várias, é pesquisa."
Lincoln Ferreira

2 comentários:

todos disse...

Não percebi de imediato que o link para a historieta estava no título. Mas levaste esse tempo todo para escrever aquela coisita? Olha, dedica-te à poesia.
LOL

éf disse...

com a poesia corro o risco de wser selvaticamente agredido

:S