O Vítor Dias, do blogue "o tempo das cerejas" junta-se ao coro de vozes que denunciam algo de muito vergonhoso que vai lavrando pelo país, aqui. Pergunto-me como seria, se tais actos fossem protagonizados pelos social-democratas do PPD-PSD. Caía o Carmo e a Trindade? Bloqueavam-se pontes? Assistiríamos a uma insurreição popular? Será que ainda são necessárias mais provas de que vivemos numa das mais abjectas oclocracias?
7 comentários:
temos de aceitar que qualquer um diga o que lhe vier à cabeça sobre qualquer outro... só porque tem «liberdade de expressão»? é que esta existe mesmo, mas a responsabilidade também
maria: o problema não reside em algo que tenha saído estulticiamente de mente peregrina, mas mesmo que assim fosse teríamos que aceitar, sim. Porque a liberdade inclui a liberdade de ser parvo e o juízo sobre isso compete à comunidade ou, se o ofendido entender, aos tribunais - este é o espírito de um estado de direito e democrático. Sob o disfarce da defesa de fé se mandaram pessoas para a fogueira, sob o disfarce da segurança do estado se torturaram pessoas, sob o disfarce da defesa da moral e dos bons costumes se destruíu a vida de muita gente: tudo atribulações que pontuaram as relações entre governantes e governados na Idade Média, no Antigo Regime e no Estado Novo. Os valores que devem nortear os regimes democráticos contemporâneos têm que pautar a sua actuação, e a relação com o cidadão, praticando o altruísmo, a honestidade e a indulgência. Esses são os atributos dos bons governantes. E quem não deve não teme! Ou qualquer dia, começando com esta perseguição doentia a quem diz o que sabe, o que sente (ou mesmo o que imagina), regressamos ao pensamento e às épocas que referi atrás.
Eu sou daqueles que, já farto de 30 anos de laxismo e total ausência de responsabilidade, aplaudo alguém que tenha a ambição de atacar os problemas de frente, a tenacidade de lutar por eles, e a determinação de enfrentar os obstáculos (mesmo cometendo alguns erros). O que não posso admitir é a adopção de atitudes persecutórias e intimidatórias contra os que discordam ou ousam denunciar o que acham mal, pois que se estão errados o seu erro mais não será do que um feito estéril. E de tais feitos não entendo que receios possa suscitar em quem governa. Mas, acima de tudo, é a liberdade de expressão (a pouca que há) que deve ser salvaguardada.
O que se está a passar ainda não é trágico, mas já é vergonhoso.
Sobre a "pouca" liberdade de expressão que há (que sempre houve) explico: só pode existir verdadeira liberdade de expressão numa sociedade devidamente informada. Considerando que muita da informação que nos é distribuída é controlada pelos governantes, pelos grupos de interesses e pelos média, é evidente que não existe uma informação livre e credível, daí também não existir verdadeira liberdade de expressão. E esta é uma das razões porque se ouvem tantas vezes discursos críticos disparatados: o não investimento na informação e o investimento na desinformação também têm o reverso da medalha, para quem os usa.
o facto de não haver «informação livre e credível» não quer dizer que, nos dias que correm, não haja liberdade de expressão; ela existe e também existe a lei do menor esforço: alguém lê/ouve algo e fica-se por aí, sem procurar noutros lados quem lhe diga coisa (eventualmente) diferente --- e também sem analisar os vários aspectos da questão. sou contra esse facilitismo.
pois eu posso não ser apologista desse facilitismo, mas reprovo a forma como se pretende combatê-lo.
as instâncias adequadas ao combate ao facilitismo são diferentes daquelas que têm de gerir a «polis»; a cultura de um povo afastado por tanto tempo dos fóruns de reflexão e de activismo não se muda por decreto; era bom que os governantes pudessem educar o «povo» -- mas mundo perfeito não há.
Como é que se vai para o outro blog, que nunca sei onde fica e perco-me sempre? Não tem o mesmo nome que este? Ou sou eu que estou confusa de todo? :)
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