Viva el Tango!




Ao que parece o Tango nasce no final do século dezanove resultando de uma mistura que reúne diversas formas musicais transportadas pelos imigrantes – italianos, espanhóis, e crioulos - os habitantes das Pampas, e integrando também sonoridades negras, sem excluir a possibilidade de influências da habanera cubana e do Tango andaluz. O Tango nasce, assim, do registo etnográfico das populações mais pobres que se fixam nos subúrbios de Buenos Aires. Começa por ser dança, cabendo ao povo a improvisação das letras – normalmente picantes - para as músicas mais conhecidas. Não sendo bem aceite a dança entre homens e mulheres abraçados, em público dançavam apenas homens. Daí a razão de se manter circunscrito, durante muito tempo, aos bordéis.
Tornado moda, através da sua exportação para Paris no início do século vinte, o Tango espalha-se ao resto do mundo. Um dos seus estilos, o Tango-canção, foi feito com o objectivo de musicar letras e com ele surgem os cantores de Tango.
Nos cabarés dos anos vinte o Tango sofre importantes modificações, a começar pelo facto dos executantes já não serem pequenos grupos que animam o ambiente dos bordéis, mas sim músicos profissionais que inovam quer em qualidade técnica quer em criatividade melódica. A eles se deve a introdução do uso do piano.Carlos Gardel é considerado o maior intérprete do Tango, mas desaparece no auge da sua carreira, vitimado em acidente de aviação em 1935. Porém, é ele que populariza o Tango fora da Argentina pois cantava em Paris, Nova York e noutras capitais do mundo, onde fascinava multidões. A década de 40 será uma das mais felizes e profícuas para o género e, uma vez mais, o Tango inicia um novo trajecto rumo a um lirismo e sentimentalismo mais profundos, desaparecendo de vez as temáticas dos bordéis e dos cabarés, a sua violência e a carga obscena. Impera a fórmula ultra-romântica e, agora, escrevem para o Tango muitos poetas famosos, com sólida formação cultural. É o auge do Tango.Na década de 50 surge o revolucionário Astor Piazzolla que rompe com o tradicionalismo e verte no tango influências de clássicos como Bach e Stravinsky, e também do Jazz. É de realçar o interessante trabalho que realizou com os seus vizinhos brasileiros, esses mestres do ritmo e do sentimento, que se traduziram em novas e enriquecedoras abordagens musicais.Entretanto, o Tango atinge um alto grau de profissionalismo ensombrado, apenas, pelo pontificado do Rock n'Roll que veio contribuir para um acentuado desinteresse comercial e para um decréscimo na criação e produção do género.No final do Século 20 o Tango regressou aos grandes palcos, ao cinema e aos salões de dança, e voltou com toda a paixão que lhe é característica. A vida contemporânea revela a solidão do Homem, essa esmagadora solidão. E a necessidade de cantá-lo, de chorá-lo, de dançá-lo, impõe-se e obtém resposta em meia dúzia de expressões musicais das quais o Tango é exemplo maior. O Tango nasceu para se dançar abraçado, para festejar o multiculturalismo e a miscigenação de povos de diferentes proveniências e raças. Os seus instrumentos são o piano, o violino, a guitarra, o contrabaixo e o bandoneón que é exclusivo do Tango.
Há uma nova geração de artistas que corre o mundo mostrando a sua arte. O Tango, expoente do encanto e sedução de/para homens e mulheres lembra que o que é maravilhoso na criatividade e sensibilidade humana não morre, renasce ad aeternum como a mítica Fénix.

fotos do espectáculo de "Tango Quatro" decorrido no Centro Cultural de Lagos em 2007.08.15

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