«- Na prosa sente-se mais livre?
- Sinto-me mais livre. Se bem que na prosa, tenho a impressão que se poderia reconhecer uma vocação musical. Eu sinto necessidade que ela corresponda a um rigor musical. No sentido de ter uma certa cadência, ritmo… Muitas vezes mudo uma frase, uma palavra, e não paro enquanto não me satisfizerem musicalmente. Não que eu fale a frase em voz alta, ou vá cantar aquilo. Mas há uma exigência quase musical. Agora, na criação de prosa, evidentemente, há que haver uma lei narrativa. Se bem que muitas vezes a gente supõe que não, ou a gente não quer. Mas aí, acho que é um pouco a inveja que a prosa tem da poesia. Eu, na verdade, o que menos me atrai na escrita de um romance é a história. Me interessa mais trabalhar com a forma, a forma de contar aquela história… A história em si não é nada, muitas vezes não é nada.»
E eu já com receio de defender as minhas preferências pela forma, em detrimento do conteúdo, nas discussões de tertúlia, eis que aparece aqui outro Chico não-escritor (este de peso) dizendo o que eu penso. Sabem como é... aquela sensação de que não estamos sozinhos no Universo?!
;)
- Sinto-me mais livre. Se bem que na prosa, tenho a impressão que se poderia reconhecer uma vocação musical. Eu sinto necessidade que ela corresponda a um rigor musical. No sentido de ter uma certa cadência, ritmo… Muitas vezes mudo uma frase, uma palavra, e não paro enquanto não me satisfizerem musicalmente. Não que eu fale a frase em voz alta, ou vá cantar aquilo. Mas há uma exigência quase musical. Agora, na criação de prosa, evidentemente, há que haver uma lei narrativa. Se bem que muitas vezes a gente supõe que não, ou a gente não quer. Mas aí, acho que é um pouco a inveja que a prosa tem da poesia. Eu, na verdade, o que menos me atrai na escrita de um romance é a história. Me interessa mais trabalhar com a forma, a forma de contar aquela história… A história em si não é nada, muitas vezes não é nada.»
E eu já com receio de defender as minhas preferências pela forma, em detrimento do conteúdo, nas discussões de tertúlia, eis que aparece aqui outro Chico não-escritor (este de peso) dizendo o que eu penso. Sabem como é... aquela sensação de que não estamos sozinhos no Universo?!
;)
2 comentários:
Em detrimento do conteúdo, a forma!
Um compositor célebro apresentou uma peça musical de linhas melódicas geniais. A crítica foi serevera, realçando o negativo da falta de "forma" da peça. Rispostou o músico da seguinte maneira;
-A próxima composição faço-a em forma de "Pera".
Na minha opinião, tem de existir forma e conteúdo senão não há ideia nem comunicação.
Um abraço Castelinho.
"O do conhecimento empírico"
"Na minha opinião, tem de existir forma e conteúdo senão não há ideia nem comunicação." E eu disse o contrário?
"Em detrimento do conteúdo, a forma". Mas ambos têm de existir, é óbvio. E como é óbvio não precisa ser dito.
E porquê a preferência pela forma?
Porque conteúdo é coisa fácil de encontrar, fabricar, inventar. Já a forma é mais difícil. Cada vez há mais gente incapaz de ler e interpretar um texto, por falta de domínio da forma (o léxico, a gramática, a sintaxe, são elementos da forma).
De que serve possuir uma grande capacidade criativa se não possuir capacidade de construir um invólucro aceitável para o conteúdo criado?
Acresce que a forma é o mais importante na arte, e não o conteúdo. É a forma que a estética julga, não o conteúdo.
Insisto, agora no domínio do leitor: Por mais interessante, criativo ou profundo que seja o conteúdo, quem não dominar a forma não o saberá interpretar.
Obrigado pelo comentário, A.
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