A ânsia louca de produzir críticas sobre tudo e mais alguma coisa conduz, amiúde, a imprecisões e apreciações incorrectas ou injustas e tem, no mínimo, o efeito de retirar credibilidade aos críticos e à matéria analisada. A toda a matéria analisada.
O principal blogue de serviço à crítica da política local – que se afirma composto por membros reunidos em conclave em torno de uma mesa redonda –, cuja caixa de comentários bem merece o ápodo de “cloaca maxima”, numa homenagem a essa imperial sarjeta romana onde parecem boiar os comentadores do referido blogue –, pronunciou-se sobre o cais antigo da zona ribeirinha, recentemente posto a descoberto, situado junto ao revelim do amuralhado conhecido como “Castelo dos Governadores”, ali por baixo da “Janela de D. Sebastião”.
Dizem esses críticos que se apresentou tais estruturas como coisa que não são. Que foram anunciadas como “o cais de onde partiu D. Sebastião”.
Mas onde leram isso? Procurei, e não encontrei tal afirmação escrita em parte alguma.
No site da Câmara Municipal lê-se:
«Cais Antigo – Entre o Castelo dos Governadores e a antiga Casa da Dízima existiam duas portas que, articuladas com a muralha quinhentista e funcionando como antecâmara da cidade, permitiam a circulação entre muros e o acesso ao Cais da Ribeira. A área onde em épocas distintas terão existido diferentes cais, e que foi soterrada na década de 40 do século XX para a construção da Avenida da Guiné, encontra-se hoje visível e integrada na requalificação da frente Ribeirinha, no âmbito do programa POLIS.»
E, na informação veiculada pela imprensa, aquando dos trabalhos arqueológicos, e baseada nas informações prestadas pelos responsáveis por tais trabalhos, leu-se, então:
« (…) No âmbito do processo de requalificação da Frente Ribeirinha, e enquadrado na intervenção arqueológica em curso, acaba de ser encontrado em Lagos o cais da ribeira. A estrutura tem, identificados, pelo menos dois momentos de utilização: um mais antigo, da época moderna (século XVII), e um outro que esteve em funcionamento até aos anos 40 do século XX. Inseridos numa área urbana de importante dimensão histórica, os trabalhos visam, para além de cumprir as imposições legais, preservar a memória e a identidade histórica da cidade. Com elevadas expectativas desde o início, a intervenção arqueológica resultou na identificação de um conjunto de estruturas de cronologias e tipologias diversas, nomeadamente da época contemporânea e moderna. Os trabalhos reconheceram ainda a muralha existente entre o Palácio dos Governadores e a Messe Militar e as duas portas que davam acesso à cidade e que se encontravam ilustradas na planta elaborada em época moderna por Alexandre Massai (século XVII). (…) »
Mesmo que alguém tenha proferido alguma afirmação identificando o local do cais com o local de onde terá partido El-Rei D. Sebastião para a fatídica empresa de Alcácer-Quibir, entende-se perfeitamente que a alusão é ao local e à consequente carga histórica acumulada com esse facto (admitindo que assim aconteceu, o que não é certo), e não à estrutura concreta do cais.
É pena que os sublimes críticos que se reúnem em torno da tal “menza” não compreendam a dignidade e a importância do acto de criticar, mesmo, ou sobretudo, quando feito anonimamente.
Foi a corrente abjecta que atravessa essa “cloaca maxima”, repleta de harpias comentadoras, das suas regurgitações e cagaitas, que levou à remoção do link desse blogue, no “Lagos”, vai para dois ou três meses. Daqui já tinha sido removido há mais tempo.
É pena que persistam em tal comportamento, pois podiam refrear o ímpeto de tudo criticar. E mesmo mantendo o anonimato do blogue deviam impossibilitá-lo nos comentários, visto que os comentadores não demonstram um mínimo sentido de ética.
Entretanto, deixo os votos de Boas Festas e que se divirtam muito com as críticas cegas mais os comentários infectos.
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