O estudo TGI 2008 da Marktest contabiliza mais de 4 milhões de portugueses que compraram livros, o que representa 68.6% dos residentes no Continente com idades compreendidas entre os 15 e os 64 anos. As maiores taxas de compra observam-se entre os indivíduos dos 35 aos 44 anos (74.1% comprou livros no último ano) … Entre os compradores de livros, o TGI indica ainda que 31.8% destes lê entre 1 e 2 livros por ano, 31.8% entre 3 e 5 livros e 28.4% lê 6 ou mais livros por ano, contrariamente a 7.7% dos inquiridos que afirma que, apesar de ter adquirido livros, não leu nenhum nos últimos 12 meses. (mais aqui)
E que livros lêem estes milhões de compradores portugueses? Escritas de José Rodrigues dos Santos e Paulo Coelho, aposto?!
3 comentários:
Meu preclaro amigo
1 - quando é que o aforismo popular - um burro carregado de livros é um doutor - deixou de ser verdade?
Se não deixou, não vejo de onde pode vir a sua "admiração" (para não o enviar para o "clube dos surpreendidos" - sabe ao que me refiro, não?!
2 - facto relevante e ponderável: os outros dão muito mais trabalho a ler. E trabalho por trabalho então já chega o que dispensa desgaste visual;
3 - a leitura tem de ser um prazer.Ora se tem de ser um prazer explique-me então como é que um cidadão "sedento de leitura" faz? agarra-se ao Marcel Proust, não?!ou ao T. Mann, não?! e depois leva no bolso um dicionário de bolso, não?! e quando chegar à pag.25 do 1º vol. cai para o lado de exaustão, não?!e perdemos um potencial leitor, não?!
(...)
Abraço
David Oliveira
hehehe... eu provoquei com a "qualidade" dos livros mas o problema maior está lá evidenciado a bold. O facto de 4 milhões lerem não me diz nada, a questão é que lêem pouco, muito pouco. Não são 4 milhões de leitores (leitor habitual, permanente). Repare que apenas 30 % lêem 6 ou mais livros por ano. Numa população “razoavelmente” leitora estes 30% teriam que ler 12 ou mais livros, por ano. Digo eu. E nem refiro os outros números. Portanto, ao invés de uma situação confortável, em matéria de hábitos de leitura, o inquérito revela um cenário triste.
Quanto ao prazer da leitura, certamente que se pode retirar prazer da leitura lendo vacuidades, mas também se pode retirar prazer do Tommas Man e do Proust, ou não? O estímulo do intelecto não dá prazer?
É que o livro é, acima de tudo, veículo de cultura e exercício do intelecto. E não o coloco ao nível dos matraquilhos ou das produções de Hollywood. Aqueles que estão a esse nível não são livros mas maços de papel estampado (p. ex. manuais de instruções da Bimbi - sem negar a utilidade dos Manuais). Mais do que noutros domínios/meios da comunicação, no livro a qualidade é condição sine qua non. Isto é imposição minha. E não quero saber de realidades, ou certezas, discordantes desta! Aliás, é por se atribuir estatuto de obra literária a toda a porcaria que se produz que aquilo que possui real qualidade vai, cada vez mais, ficando para trás ou perdido na extensa diarreia editorial. Imagine que articulava os textositos que produzo e me punha a publicar livros a eito, juntando mais porcaria ao panorama editorial, ocupando escaparates, estantes, eventualmente usufruindo de subsídios, para transmitir o quê, uma catrefa de vacuidades? Não é isso apenas “ruído” nocivo ao mundo do livro e da literacia?
hehehe…
OS portugueses lêem pouco e raramente literatura.
;)
Abraço.
"Thomas Man"
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