Imagino o sorriso irónico de um verdadeiro investigador ao ouvir um desses iletrados que falam com pose doutoral de coisas que não dominam. Pois, a ignorância sempre foi insolente. Eis a súbita imagem que me assaltou o pensamento, suscitada pelo regresso ao assunto do plágio publicado na edição de Dezembro do jornal Correio de Lagos.
Não obstante a denúncia, não obstante o protesto lavrado e enviado ao jornal pelo verdadeiro autor do artigo, a edição seguinte da requentada gazeta local não dedicou uma vírgula ao assunto. Esperava-se, no mínimo, uma desculpa que imputasse a lapso tipográfico a ausência do nome do verdadeiro autor do artigo sobre a Rua da Capelinha – e, então, os leitores atentos fingiriam que o primeiro parágrafo não fora suprimido nem alterada a sintaxe do último e que o título original se mantivera.
Porém, nada foi publicado, nenhuma explicação foi dada para tão descarada apropriação de coisa alheia. Portanto, o jornal foi conivente com a falta cometida pelo colunista Silvestre Ferro.
Ao invés de apresentar uma justificação sobre o assunto, a última edição do jornal em questão apresenta, na sua página 10, mais um artigo plagiado. Trata-se de um artigo já profusamente divulgado na Internet. Consultem-se as ligações abaixo e verifique-se que se trata do mesmo artigo, transcrito ipsis verbis.
Se não é fácil detectar um plágio feito sobre um escrito impresso é bastante fácil detectá-lo quando executado sobre textos publicados na Net. Como foi o caso dos dois artigos em questão. Basta seleccionar duas ou três frases do texto em apreço e submetê-las, à vez, ao escrutínio do Google.
Estranho isto porque não tenho pelos actuais responsáveis pelo CL, a opinião de serem intelectualmente desonestos, bem pelo contrário.
Espero que a ausência da coluna sobre toponímia, neste último número – e eventualmente nos próximos -, não signifique que se tenta escamotear o sucedido dando um tempo de descanso até que as coisas acalmem, porque isso não vai funcionar. Enquanto o Correio de Lagos não publicar uma justificação será tido como conivente nesse acto torpe. Não hesitarei em considerá-lo como o jornal dos plágios e assim o designar. E o colunista terá, obviamente, o mesmo tratamento.
Ao José Carlos Vasques, verdadeiro autor do texto ali publicado, resta afastar-se de quem, tanto lhe devendo, assim o maltrata, reincidindo – constate-se a supressão do seu nome na reedição do livro “Vultos da Toponímia Lacobrigense”, do autor agora acusado de plágio, quando o José Carlos foi uma das principais fontes de informação dessa obra.
Lá diz a sabedoria popular: "Quem te manda a ti, sapateiro, tocar rabecão?" ou será: "Quem te manda a ti, alfaiate, plagiar publicação?".
Ou, talvez: “Quem te manda a ti, fotógrafo, proferir sermão?” - considerando a inutilidade deste discurso face à falta de ética cultivada em Portugal, particularmente sob o actual consulado político.
1 comentário:
Há tipos em quem a ânsia de serem considerados autores é tão forte, que nem reparam na facilidade com que hoje em dia se consegue confirmar a verdadeira autoria de um texto.
Mas é apenas mais um, na já longa "fila de conga" em que dançam todos esses "autores".
Abraço
;-)
Enviar um comentário