O Zé, chamemos-lhe assim para que as autoridades não o identifiquem, martelava o fio de cobre subtraído à instalação eléctrica do novel posto de polícia, a fim de separar a cobertura plástica do miolo valioso - tarefa imprescindível à recolocação do metal no mercado -, quando, no rodapé do telejornal leu a seguinte notícia: “Já só falta um F para se cumprir o desígnio de Portugal: Fátima foi canzonizada; o Fado é pandemónio mundial; falta que o nosso Futebol alcance o reconhecimento universal.”
Desviada a atenção da martelativa e clandestina empreitada, incrédulo com os erros ortográficos do técnico insersor de caracteres, certamente diplomado pelas Novas Oportunidades, o Zé afincou uma potente martelada no polegar da mão que ajeitava o fio eléctrico, e berrou: Foda-se!… Foda-se!... Foda-se!
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