sobre o Kitsch



“…o kitsch é o império dos espaventos descontrolados da emoção e da sensibilidade, da desproporção entre a substância e o invólucro (…). O kitsch define-se por comparação porque a sua natureza é derivada e parasitária. O kitsch está para a arte como a margarina para a manteiga, o Arcopal para a louça, o romance histórico para a História, a Isabel Allende para o melhor Garcia Marquez, (…).”
Antonio Muñoz Molina, “«Kitsch» nacional”, Babelia,  21-IX-2013.


«…o jornalista e apresentador do Telejornal da RTP chamado José Rodrigues dos Santos, Margarida Rebelo Pinto, Maria João Lopo de Carvalho ou o jornalista Fernando Dacosta pertencem sem dúvida ao Kitsch mais categoricamente negativo, ou seja, ao inautêntico puro, como fabricantes de pechisbeque impresso ou cultores duma escrita que não passa de inautenticidade cultural, quer escrevam romances popularuchos, quer componham obras inqualificáveis como As Máscaras de Salazar, actualmente em 26ª edição, o que comprova o abaixamento intelectual do nosso público leitor e a ignorância generalizada do público que lê em Portugal. (…) os casos de Rodrigues dos Santos, Dacosta, Margarida Rebelo Pinto – esta, colaborando na revista Kitsch chamada Selecções do Reader´s Digest, acentua a sua inclusão nesta categoria -, assim como Maria João Lopo de Carvalho, comprovam que o Kitsch se gera sobretudo em mentes privadas de talento, sem capacidade real de escrita, como produtos que são duma cultura indigente, de escrita zero e carecida de qualquer valia literária ou cultural, penúrias que são inseparáveis do conceito em causa. (…) Ana Vasconcelos surge como um exemplo da habilidade mercantil de ver acolhida com entusiasmo e delícia uma obra de Kitsch que se constrói essencialmente a partir do inautêntico, bem como da reciclagem e desenvolta manipulação de temas alheios e de peças do quotidiano, tudo confeccionado com o talento duma desembaraçada pasteleira que sabe agradar às modas do dia e aos seus consumidores. (…) O facto de revistas de arte e editoras de relevo no domínio artístico como a Thames & Hudson referirem Joana Vasconcelos com admiração só comprova que entre o belo e mau gosto se estende uma praia imensa.»

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