António Barreto em entrevista

Breve, sobre a excelente entrevista a António Barreto no Observador, aqui

Dos mitos da reforma Agrária: «O mapa do Alentejo das ocupações é muito claramente o mapa das melhores herdades. E as leis, quando se dizia que serviam para penalizar os proprietários absentistas, fizeram uma coisa absolutamente miserável: penalizaram as benfeitorias.»

Politicamente, o povo português é infantil, para não dizer imbecil: «quando, por exemplo, nos debates parlamentares ou noutras ocasiões alguém diz “isto é a política da direita”, isso é um insulto. E passa como tal. Se for o contrário, “isso é de esquerda”, para a maior parte das pessoas é qualificativo.»

A estratégia é apoiar quem delapida o erário público e divide migalhas com os jornaleiros: «nos tempos que correm há uma tendência primordial de complacência com a esquerda. E há o contrário, há alguma predisposição pouco amigável com a direita. O bom momento que este Governo viveu neste ano e meio ficou a dever-se, em grande parte, à complacência, à cortesia, da imprensa em geral.»

Ai, sacrilégio, ter opinião própria e divergente da esquerdalha: «…conheço muito bem o programa político do PCP e do BE, o que quer que se faça com estes dois partidos é sempre com uma intenção: é mais um passo para chegar ao mesmo sítio. E esse sítio é “não Europa, não euro, não NATO, não democracia conforme a conhecemos”. E eu não quero isso, não quero fazer bocadinhos de caminho com alguém que não quer ir para o mesmo sítio que eu.»

Por isso é tão cobiçado e vilipendiado: «A única coisa sólida que há em Portugal é o Estado. Para se agarrar. Já há pouca cultura, há pouca economia, pouca empresa. Os partidos políticos olham para a economia mas, infelizmente, com muito más intenções. Houve corrupção por tudo quanto é sítio, isto é, partidos a tentarem encontrar uma base sólida de subsistência.»


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