![]() |
Eduardo Lourenço por Nuno Ferreira Santos - PÚBLICO |
Isabel Lucas: Sempre analisou as questões da identidade a
partir da literatura e sobretudo da poesia. A melhor maneira de conhecer um
povo é a partir da literatura que ele produz?
Eduardo Lourenço: - Sim, a arte em geral. A literatura não
tem uma função. É um efeito do que somos de mais misterioso, de mais enigmático
e ao mesmo tempo de mais ambicioso. Penso que, de todas as artes, a que revela o
que a Humanidade é de mais profundo e absoluto é a música. A literatura é uma
música um tom abaixo. Não se explica, não é da ordem do conceito como a filosofia.
É natural que os homens reservem à literatura a sua maior atenção. A literatura
é o nosso discurso fantasmático, absoluto. Todas as culturas se definem pela
relação com o seu próprio imaginário. A encarnação dele é a literatura.
In Publico 2017.07.31
Sem comentários:
Enviar um comentário