Com sorte, vivemos três infâncias, a nossa, a dos nossos filhos e a dos nossos netos, e isso talvez constitua o maior tesouro da vida, acreditando-se que é na infância que ocorrem as provas mais intensas e valiosas que se podem viver.
Ser avô pode ser uma experiência diferente, mas não menos enriquecedora do que a de pai. Como avós estamos mais livres para interagir com os netos como se tivéssemos a sua idade emocional. A natureza da vida é surpreendente, pois quando começamos a envelhecer dá-nos filhos e netos para, em certa medida, continuarmos a ser crianças; porque é indiscutível que boa parte da felicidade que tanto procuramos reside num coração de criança, mesmo que uma vida já longa force o corpo a testemunhar outra coisa.
A nossa existência torna-se infinitamente extensível através dos netos
e do compromisso de continuidade que cada um deles transporta. Esta realidade
deve ser a única esperança de imortalidade que temos ao nosso alcance pois,
muitas vezes, é apenas através dos descendentes que podemos deixar algo para a
posteridade.
O Simão é a promessa de um futuro de que já vou tendo saudades.
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