OTELO

 

Sobre o Otelo Saraiva de Carvalho

Da crónica de António Barreto

 

“Mais do que a personagem de Otelo, que é simples e pouco interessante, o que surpreende é a reacção de tantos portugueses que ainda se revêem nesta figura e no percurso.”

“Sob seu comando, com mandatos assinados por si e com o seu patrocínio, pessoas foram detidas, capturadas e espancadas, contas bancárias foram congeladas, casas e empresas foram ocupadas. Otelo e o COPCON governaram, durante uns meses, Lisboa e grande parte do país, com terror e intimidação.”

“Otelo opôs-se ao voto nas eleições constituintes e aconselhou o voto em branco, contrariou a Assembleia Constituinte e patrocinou o mais sinistro dos planos políticos, o “Documento Guia da Aliança Povo MFA”, que a Assembleia do MFA aprovou e que se destinava a destruir qualquer hipótese de Estado de direito e de sistema democrático.”

“Lutou contra os partidos democráticos.”

“Nunca defendeu eleições livres para a criação de poder legislativo, nunca lutou pelo Estado de direito, sempre atacou o regime parlamentar e o sistema democrático.”

“Otelo enveredou por uma carreira de conspiração e de organização de acções revolucionárias e terroristas.”

“Apesar disso, transformou-se num símbolo de Abril. É pena, pois foi o pior que Abril nos deu.”

“E se Abril nos deu a liberdade e a democracia, foi apesar de Otelo, não graças a Otelo.”

“É infeliz notar que tantos políticos, intelectuais, académicos e jornalistas consideram Otelo o símbolo da liberdade e cultivam o mito de Otelo como construtor da democracia, quando ele nada fez por isso, bem pelo contrário, foi uma das suas piores ameaças.”

“Louvar Otelo seria simplesmente aceitar a violência. Os democratas podem perdoar os seus inimigos. Mas não louvar.”





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