se este não foi o primeiro post, terá sido um dos primeiros

290 lugares, 80 pessoas. Aos 20 minutos ouviu-se um incerto protesto e saiu a primeira pessoa. O "ponto" imaginário murmura: - Estátua! E logo o dançarino se imobiliza, reincide a cena...ibidem...outra vez...assisto, incrédulo, a um espectáculo "feito de encomenda" para fotografar (e só tenho a digital!), disparo...irrespirando...escuto as incomodidades das cadeiras (ou do espectáculo) nos cús irrequietos...


...e eu sem uma 135! E o espectáculo a prosseguir devagar... devagarinho. Como quem hesita, o dançarino "passeia" pelo palco...ao ritmo do pigarrear de umas gargantas apertadas, lá para o meio da assistência. Com meia hora de lentos volteios, a dança perde o seu segundo espectador. O dançarino, esse, constrói poses de deslumbrante efeito plástico, moldando o corpo no contorno das sombras, e dos sons.




A dança continua mas, agora o som avança e a luz recua para 1 obscuridade que não revela, logo, os reparos em que vem o artista. Estrebucham os de cá, por não compreenderem o de lá. Solta-se uma voz em despeitado desabafo de ininteligível mensagem. Eu, dividido entre permanecer acoitado na plateia ou correr 400m até à Câmara e agarrar a Canon, atendi aos 100kg que calam mais fundo e continuei-me por ali. Acariciei a Olympus, deslizando o indicador pelas curvas superiores até ao gatilho do zoom. Afinal, era com ela que estava, para quê pensar noutras? A soirée dançante escorregava para o clímax e eu não o sabia...


Movimento...at last! A descoragem afoga os impropérios na mescla da génese vocal e, paridos por bocas medrosas logo se esborracham no chão, sem eco, sem história, sem transmissão. Apenas um ignoto mal-estar trespassa o ambiente. - Mas, ele só tem aquele avental? perguntou um murmúrio claro. E a miúda da cochia da 6ªfila, estupefacta (estúpida de facto?) pergunta à mãe, ou tia: - O homem está nú? A pergunta fez ricochete na esquerda baixa, junto à porta de serviço, atingindo todos, no ir à Cafetaria, no fim (porque tanta força mental exige recarga!). Eu, fico-me, digitalmente apático. Afinal tive todo o tempo espreitando pela janelinha, longe. Apenas, testemunha!

Inserido em Mar.2002 no site colectivo foto@pt

2 comentários:

Anónimo disse...

Viva
vi o blog e gostei muito das imagens, os textos tem de ser com calma.
Cumps.

éf disse...

Lunatik: estes textos foram escritos para inserção no exíguo espaço das descrições técnicas das fotos, no saudoso site colectivo foto@pt, numa fase em que o webmaster já tinha abolido a possibilidade de inserção de crónicas em espaço apropriado.
Obrigado pela visita. Saúde.