Gostar de uma personagem pública (um artista ou um político p. ex.) resulta grandemente da empatia gerada entre nós e a personagem. O mesmo se aplica a um programa de TV, um filme, um livro, etc. Nestas coisas (como em muitas outras), a dimensão emocional obnubila o exercício da racionalidade. E isto, para dizer que nunca assisti a um programa completo da série “Gato Fedorento” embora tenha visto alguns sketches. E desse pouco, ficou-me a impressão de se tratar de um programa incipiente, fútil e ridículo. Temo, agora, ter julgado demasiado superficialmente o programa, sobretudo porque é do ridículo que trata. Porém, não consigo afastar a minha dúvida metódica, e permanente: Porque será que gosto do que escrevem Woddy Allen, Miguel Esteves Cardoso, e a equipa do Gato Fedorento (versão blogue), mas não gosto dos seus “discursos” nas versões cinematográficas e televisivas? Será porque “… Existe na comunicação por imagem algo de radicalmente limitativo… a imagem é o resumo visual e indiscutível de uma série de conclusões a que se foi chegando através da elaboração cultural; e a elaboração cultural que se serve da palavra transmitida por escrito, é apanágio da elite dirigente, ao passo que a imagem final é construída para a massa submetida…” ? [apetece-me ser mauzinho, e o Umberto Eco dá uma mãozinha]
Achei interessante, a entrevista em que Ricardo Araújo Pereira (um dos membros da equipa do Gato Fedorento) dá a Chantal Féron na edição deste mês da revista Psicologia. Reproduzo aqui um brevíssimo excerto.
Fiquei curioso, e tentado a colocar de novo a minha paciência à prova, frente à porcaria da janela mágica. Depois direi.
Há quem diga que o humor é uma forma de agressividade...
... Freud [também] diz que tem a ver com a teoria da superioridade, mas só que aplicada a nós próprios, ou seja, a propósito da divisão do ego, é o superego a rir-se do ego, portanto somos nós que nos encontramos superiores a nós próprios em algum motivo e é nessa altura que ele diz que surge o humor puro. O humor principal é aquele que fazemos sobre nós próprios e é interessante, essa agressividade voltada contra nós, isso tem muitas leituras e muitos aspectos inseridos.
Tem humor em relação a si próprio?
Sim, aliás eu acho que é difícil ter em relação aos outros se não tivermos em relação à nos, pelo menos numa fase, o humor primordial é esse, é essa noção de que nós somos ridículos. Essa noção do nosso próprio ridículo é fundamental, e eu tenho sorte de ser mesmo muito ridículo!
3 comentários:
Bem, devo dizer q sou um tipo que com mais frequência vai ao cinema ver um (bom) filme do que lê um livro. Mas os Gato Fedorento (no tempo da SIC Radical) são para mim os Monty Python portugueses.
Na série q deu recentemente na RTP não os encontrei ao nível q os vi na Radical... Toda a gente tem direito aos seus altos e baixos.
Curiosamente, sexta-feira passada enviei a uma pessoa amiga uma lista de vídeos deles q andam pelo youtube. A lista de links foi compilada por mim e apontam para os meus sketchs favoritos deles. Deixo aqui como curiosidade :
Claque de seminaristas
http://www.youtube.com/watch?v=ZbDh20ViNFg
Caldo Verde Fonseca
http://www.youtube.com/watch?v=vs_pz6BJ2II
100 metros ciganos
http://www.youtube.com/watch?v=r-qQgwGkQcA
Um grama de coca
http://www.youtube.com/watch?v=LKZJgY-5mlM
O que faz nesta empresa?
http://www.youtube.com/watch?v=ZF7-iz3IMGY
Concurso Instrumentos Imaginários
http://www.youtube.com/watch?v=8geYMEOGVYk
Snao sei que
http://www.youtube.com/watch?v=6HqmLXCqinY
Sr. Tobias
http://www.youtube.com/watch?v=QY6mA6yEYu0
o homem q tem por habito coumeçar as frases por "não"
http://www.youtube.com/watch?v=BKB3YjwdsJk
Jesus Cristo é o senhor
http://www.youtube.com/watch?v=9X_kI5ycAlc
O papel, qual papel?
http://www.youtube.com/watch?v=n7fepp0C6Yk
o atum
http://www.youtube.com/watch?v=O3gBMJ0w5-k
Feno da Galileia
http://www.youtube.com/watch?v=S-jkk04hFfo
e outros :
http://www.youtube.com/watch?v=vjimyF8-SqE
http://www.youtube.com/watch?v=FJ_AB-aOMb0
novidades aqui
decididamente, o meu sentido de humor, mudou.
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