Não ficaria tão preocupado, compreende?

No momento da aterragem, com o avião oscilando num perigoso banking a baixa altitude, puxei o crucifixo para fora da camisa e, de olhos cerrados, beijei a imagem.
Aterrámos bem. Afinal, aquilo era o procedimento normal.
……..
O jornalista insistia em puxar-me pela manga do casaco enquanto as balas silvavam em torno de nós, espalmando-se contra a rocha do socalco onde nos encontrávamos. O homem estava estupefacto com a minha loucura, ali exposto às balas. Virei a cabeça para lhe sorrir no exacto momento em que uma das balas me perfurou o blusão de cabedal e se alojou no braço. Fiquei surpreendido e deixei-me cair para o lado do que me puxava. – Ó homem, você é doido? Você levou um tiro! E eu, meio aparvalhado, ainda disse: - Porra, o gajo falhou! Será um novato? Já pensou se fui atingido por uma bala de um puto que aguardou meses a fio pela autorização de participar num ataque? A bala pode estar suja, até mesmo oxidada. Esta merda pode infectar, já viu? Se o gajo tivesse acertado eu não ficaria tão preocupado, compreende? Só espero que a merda da bala não esteja infectada. Inch Allah!
E desmaiei.
É no que dá, ler coisas assim.

Sem comentários: