sobre o mês que passou

Calendas de Setembro: Prossigo, agora com resultados claros, o processo de libertação da influência perniciosa dos velhacos, co-responsáveis pelo meu retrocesso ético nos últimos anos. Agora que os tenho, identificados – praticamente todos –, é mais fácil evitar a sua influência. E aperfeiçoei bastante a arte cénica e o trato dissimulado que dispenso a esta gentalha. Siga Moliére.

Idos de Setembro: No dia 12 faleceu Willy Ronis, com 99 anos de idade. Considerado o decano da fotografia francesa, integrou o reduzido número de fotógrafos que melhor captaram Paris, a par de Doisneau, Cartier-Bresson e Klein. Fotógrafo de exteriores retratou profusamente a vida quotidiana dos bairros populares da capital francesa. Os críticos integram-no num realismo poético de feição humanista. Eu gosto da simplicidade das suas fotos, apenas isso.

Perto das calendas de Outubro: Afinal, a explicação para o “Porque voa o avião?” baseada na diferença de velocidade de fluxo de ar entre as partes superior e inferior da asa (equal transit-time) não está correcta. O poder de ascensão (Lift) de um avião não é explicado pela falaciosa teoria baseada no Princípio de Bernoulli (embora este não esteja errado) mas sim por estes três factores: 1- Newton's laws of motion, especially Newton's second law which relates the net force an element of air to its rate of momentum change; 2 - conservation of mass, including the common assumption that the airfoil's surface is impermeable for the air flowing around, 3 -expression relating the fluid stresses (consisting of pressure and shear stress components) to the properties of the flow.
Porreiro, mais um conjunto de manuais errados, agora os de aeronáutica. Podem juntar-se aos de Electricidade que afirmam que a corrente eléctrica circula do pólo positivo para o negativo (sentido convencional, assim chamado devido ao erro), ou aos livros de História que estabelecem o ano de 1500 como século XVI (quando se sabe que não existiu nenhum ano Zero), ou a todos os compêndios que afirmam que a distância mais curta entre dois pontos é uma linha recta quando a própria natureza do espaço é… curva. Enfim, são erros difíceis de erradicar e que só comprovam que aquilo que se publica ganha um poder enorme contra o qual é difícil lutar: “Se está escrito é porque é verdade!”
Uma nota final para a situação política nacional: O resultado do PSD foi mais negativo do que eu esperava, embora esperasse a derrota. E sendo certo que não me revejo nestes líderes da velha guarda, não me afasto muito da reflexão de Vasco Graça Moura: «O povo português acaba de demonstrar a sua fatal propensão para viver num mundo às avessas. Não há nada a fazer senão respeitá-la. Mas nenhum respeito do quadro legal, institucional e político me impede de considerar absolutamente vergonhosa e delirante a opção que o eleitorado acaba de tomar e ainda menos me impede de falar dos resultados com o mais total desprezo. (…) O País acaba de mostrar que prefere a arrogância e a banha de cobra. Pois besunte-se com elas que há-de ter um lindo enterro.»

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