A Gazeta da Bica é um pasquim da aldeia, dessa aldeia suspensa no tempo e encalhada numa geografia descentrada na grande cidade. Pasquim mordaz, arrogante e um tanto perverso, que atira à rua e à maledicência da vizinhança – como bofes de porco a cães esfaimados –, episódios públicos e actos da vida privada dos distintos protagonistas da comunidade.
Rapidamente, a desconfiança acerca da autoria daquelas prosas que na calada da noite se introduzem sub-repticiamente por baixo da porta e do sono dos moradores, começa a provocar um notório mal-estar entre os vizinhos.
Amigos que se olham de soslaio, evitando conversas ou interrompendo-as abruptamente, receosos de indesejada publicidade. Adversários, antes respeitosos, que se miram, agora, com o ódio de inimigos – posto que só aquele poderia dizer tão mal daqueloutro. E por aí fora, num desassossego que mina a coesão e a identidade da aldeia.
Que só pode ser pessoa de cá e bem relacionada no meio, e nunca alguém de fora; pelo muito que parece saber da vidinha de cada qual. Que poderá ser algum revolucionário dandy, um burguês diletante e entediado, um intelectual revoltado, ou apenas um brincalhão que se diverte com a exposição das fraquezas e faltas alheias, jogando uns contra outros, depreciando o esforço dos que trabalham, pretensamente denunciando a falibilidade e desonestidade da acção dos que dirigem, etc.
Desconfiando de certa figura, os alvos habituais da insolente publicação estabelecem o plano de engodar o suspeito com falsas informações, e nisso prosseguem meses a fio, logrando filar o cáustico redactor. Tentativa estéril, pois claro, parida por inteligências medíocres. E aquele sobre quem se desconfia observa, atento, preocupado pela eventualidade de, injustamente, pagar pelo que não deve às mãos de gente tão néscia, mas, simultaneamente, satisfeito por verificar que é mais inteligente do que eles, que não descobrem o que tão facilmente se deduz. Que raio terão dentro da cabeça? Areia da praia?
Ao fundo, quais borboletas embriagadas no colorido intenso que a luz do dia reverbera nas suas asas, esvoaçam, subtis como paquidermes, saltitando de cogumelo em cogumelo, no extenso areal da praia, as sumidades... sumindo-se, depois, no ocaso do Sol.
Rapidamente, a desconfiança acerca da autoria daquelas prosas que na calada da noite se introduzem sub-repticiamente por baixo da porta e do sono dos moradores, começa a provocar um notório mal-estar entre os vizinhos.
Amigos que se olham de soslaio, evitando conversas ou interrompendo-as abruptamente, receosos de indesejada publicidade. Adversários, antes respeitosos, que se miram, agora, com o ódio de inimigos – posto que só aquele poderia dizer tão mal daqueloutro. E por aí fora, num desassossego que mina a coesão e a identidade da aldeia.
Que só pode ser pessoa de cá e bem relacionada no meio, e nunca alguém de fora; pelo muito que parece saber da vidinha de cada qual. Que poderá ser algum revolucionário dandy, um burguês diletante e entediado, um intelectual revoltado, ou apenas um brincalhão que se diverte com a exposição das fraquezas e faltas alheias, jogando uns contra outros, depreciando o esforço dos que trabalham, pretensamente denunciando a falibilidade e desonestidade da acção dos que dirigem, etc.
Desconfiando de certa figura, os alvos habituais da insolente publicação estabelecem o plano de engodar o suspeito com falsas informações, e nisso prosseguem meses a fio, logrando filar o cáustico redactor. Tentativa estéril, pois claro, parida por inteligências medíocres. E aquele sobre quem se desconfia observa, atento, preocupado pela eventualidade de, injustamente, pagar pelo que não deve às mãos de gente tão néscia, mas, simultaneamente, satisfeito por verificar que é mais inteligente do que eles, que não descobrem o que tão facilmente se deduz. Que raio terão dentro da cabeça? Areia da praia?
Ao fundo, quais borboletas embriagadas no colorido intenso que a luz do dia reverbera nas suas asas, esvoaçam, subtis como paquidermes, saltitando de cogumelo em cogumelo, no extenso areal da praia, as sumidades... sumindo-se, depois, no ocaso do Sol.
2 comentários:
O que têm na cabeça, meu caro amigo? A minha sugestão vai para as minhocas.Ou titica de galinha (como dizia um já falecido comediante brasileiro).
Talvez, cara Isabel. Ou talvez seja apenas insegurança, a insegurança das posições em que se encontram e para as quais não foram preparados, nunca tiveram qualquer preparo, ficando à mercê dos invejosos, desonestos e crápulas do costume. Aqueles que mentem e constroem intrigas, para influenciar, e fazer valer os seus interesses.
O poder está dividido entre desonestos, e ingénuos manipulados por desonestos.
Assim vamos neste jardim à beira mar plantado.
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