Lisboa, 12 mai (Lusa) - O papa Bento XVI reconheceu hoje que "há toda uma aprendizagem a fazer quanto à forma de a Igreja estar no mundo" actual, defendendo um "respeito dialogante" que permita uma comunicação e "respeito por outras verdades".
"Há toda uma aprendizagem a fazer quanto à forma de a Igreja estar no mundo, levando a sociedade a perceber que, proclamando a verdade, é um serviço que a Igreja presta à sociedade, abrindo horizontes novos de futuro, de grandeza e dignidade", afirmou Bento XVI no seu discurso a personalidades da sociedade portuguesa.
A convivência da Igreja com "o respeito por outras 'verdades' ou com a verdade dos outros é uma aprendizagem que a própria Igreja está a fazer. Nesse respeito dialogante, podem abrir-se novas portas para a comunicação da verdade", afirmou Bento XVI.
E as “personalidades da sociedade portuguesa” lá foram curvar-se - carentes de reais personagens a quem o façam amiúde -, agradecendo o conluio brutificante, o embuste com que enganam os tolos. O apego à resignação e o julgamento redentor da justiça divina.
Antes de se referir à “verdade”, a grande e única verdade que apenas a Igreja detém, brande uma falsa humildade ao invocar, a pretexto da necessidade de comunicar, a existência de “outras verdades”.
Por mim, trocava essa verdade, que a Igreja detém e propala, pela afirmação da Justiça. Este país, como outros católicos, andou demasiado tempo a reboque dessa pretensa verdade, esquecendo algo muito mais importante: a Justiça terrena. E assim deixou construir uma Justiça falsa, ineficaz e desonesta. Uma Justiça em sintonia com a “verdade” que as sotainas proclamam e exultam.
Parece-me muito claro a que sociedade é que “a Igreja prestou serviço abrindo horizontes de futuro, de grandeza e dignidade”: À sociedade dos ricos e poderosos a cuja gamela a Igreja sempre se empoleirou.
A condenação da teologia da libertação, por João Paulo II, provou que a Igreja continua amarrada às contigências materiais, e distante dos que sofrem; que vende um conceito de Deus que não é mais do que um boneco de cera. Que, não obstante gerar, ou receber no seu seio, pessoas empenhadas em mudar a situação de profundo sofrimento e injustiça que afecta milhões, essa mesma Igreja recusa dar-lhes a mão. Recusa aproximar-se dos homens e aproximar Deus dos homens insistindo no percurso inverso, que os homens se aproximem de Deus. De um Deus desenhado pela Igreja.
É uma Igreja que não compreende, nunca compreendeu a humanidade para além do facto de a saber sensível ao sagrado e ao desconhecido, e eterna buscadora de um sentido para a vida. Aspectos que sempre explorou, cinicamente.
A Igreja Católica - infelizmente não está só -, é uma academia superior de hipocrisia e de negação dos valores humanos.
Não posso respeitar quem me entra pela casa a dentro procurando mudar a minha forma de pensar e de entender o mundo e o mistério da criação, quem o faz gritando que a sua verdade é A Verdade. Muito do mau que somos devemos à Igreja Católica Apostólica Romana. Portanto, puta que vos pariu!
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Outros escritos anteriores sobre a Igreja Porca:
A mesma Igreja que dá o perdão a um qualquer assassino e celebra missa pela sua alma, condena, excomunga e recusa celebrar a mesma homilia por um ser humano que, em sofrimento atroz e continuado, decide pôr fim à sua vida. Relembro o caso do italiano Piergiorgio Welby, que sofria de distrofia muscular progressiva e que há alguns meses pedia a suspensão do tratamento médico que o mantinha com vida, abrindo um amplo debate sobre a eutanásia na Itália, morreu aos 60 anos.
Esta recusa em reconhecer o direito de cada um dispor da sua vida, é uma das mais abjectas e ultrajantes atitudes da Igreja. Já em tempos de João Paulo II, a sua condenação pública dos movimentos latino-americanos da “teologia da libertação”, desmascarou claramente o arcaísmo e o distanciamento que a Igreja mantém em relação à realidade e aos problemas da civilização contemporânea. Continua a ser uma Igreja que pretende estar mais próxima de Deus do que dos Homens. E uma Igreja, assim, agarrada a dogmas tão arredados da condição humana, só vai cavando a sua própria sepultura. E ainda bem, porque tamanho ninho de hipocrisia só merece mesmo é apodrecer. Apodrecer lentamente, para que não se “construam” mais mártires ou falsos profetas.
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Os que promovem e defendem a cultura judaico-cristã de feição católica, nomeadamente as suas crenças da resignação e da divina providência, postulados que adiam as soluções imediatas para os maiores problemas dos desamparados, remetendo-os para posterior compensação no domínio divino, merecem tratamento idêntico, o apedrejamento.
foto daqui
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A mesma Igreja que dá o perdão a um qualquer assassino e celebra missa pela sua alma, condena, excomunga e recusa celebrar a mesma homilia por um ser humano que, em sofrimento atroz e continuado, decide pôr fim à sua vida. Relembro o caso do italiano Piergiorgio Welby, que sofria de distrofia muscular progressiva e que há alguns meses pedia a suspensão do tratamento médico que o mantinha com vida, abrindo um amplo debate sobre a eutanásia na Itália, morreu aos 60 anos.
Esta recusa em reconhecer o direito de cada um dispor da sua vida, é uma das mais abjectas e ultrajantes atitudes da Igreja. Já em tempos de João Paulo II, a sua condenação pública dos movimentos latino-americanos da “teologia da libertação”, desmascarou claramente o arcaísmo e o distanciamento que a Igreja mantém em relação à realidade e aos problemas da civilização contemporânea. Continua a ser uma Igreja que pretende estar mais próxima de Deus do que dos Homens. E uma Igreja, assim, agarrada a dogmas tão arredados da condição humana, só vai cavando a sua própria sepultura. E ainda bem, porque tamanho ninho de hipocrisia só merece mesmo é apodrecer. Apodrecer lentamente, para que não se “construam” mais mártires ou falsos profetas.
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Os que promovem e defendem a cultura judaico-cristã de feição católica, nomeadamente as suas crenças da resignação e da divina providência, postulados que adiam as soluções imediatas para os maiores problemas dos desamparados, remetendo-os para posterior compensação no domínio divino, merecem tratamento idêntico, o apedrejamento.
foto daqui
1 comentário:
Muito bem!
E muito bem não como um qualquer deputadozeco diria como apoio ao discursante pertencente à sua bancada parlamentar.
Não muito bem de carneiro que segue o seu líder sem soltar um único ai ou ui.
Muito bem por dizeres o que te vai na alma - independentemente do destino que ela possa tomar na hora da despedida :)
Acima de tudo, muito bem porque de forma tão sintética descreveres a igreja católica.
Cegar os que procuram ver mais longe do que onde a vista chega, fazendo-os esquecer que vivem no mundo que a vista lhes permite alcançar.
Finalmente, muito bem pelo último parágrafo e dou particular destaque à última frase. Puta que os pariu!
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