Depois do abandono dos campos, do declínio da actividade agrícola imposta pela União Europeia e cegamente seguida pelos governantes, as pessoas que migraram para as cidades sentem a privação da ligação à terra e a falta dos produtos tradicionais que dela extraíam, sobretudo os hortícolas, que então conseguiam despendendo um par de horas diárias e um pouco do seu esforço físico. Era uma actividade salutar, mental e fisicamente recompensadora. Hoje, as hortas sociais e as hortas de recreio tentam dar resposta a esta necessidade de preencher o vazio produzido pelo distanciamento do mundo rural. São hortas que por um lado dão resposta às necessidades de famílias com poucos recursos, afirmando-se como fonte alternativa de alimentos, e por vezes fonte adicional de rendimentos, e que, por outro lado, constituem recreio para outros utentes despertados para a importância dos produtos naturais, da consciência ambiental e da importância em manter uma ligação directa com a terra e com os produtos que dela se podem colher.
São cada vez mais os entusiastas que ocupam o fim do dia de trabalho, ou boa parte do seu fim-de-semana, em actividades hortícolas nos muitos talhões de terrenos públicos e semi-públicos que cercam as cidades e as vilas, tal como antes se verificava em redor das aldeias.
Mas será este um sinal de consciência ambiental e desejo pelo que é natural, uma tentativa de contrariar o consumo do produto estandardizado, asséptico e sensaborão, ou é, acima de tudo, resultado da degradação das condições económicas das classes menos privilegiadas?
Vamos pá horta?
1 comentário:
Se calhar é mais um estado de necessidade...
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