Instruído pela corja, o insignificante embarcadiço copia todos os movimentos do Prático, repete os seus passos, as suas acções, procura acompanhá-lo para todo o lado, como se fosse uma sombra, como um espelho de baixa qualidade que, em rigor, tudo deforma.
O objectivo da estratégia consiste em substituir o Prático pelo embarcadiço, na altura certa. Não porque este seja capaz de realizar o que aquele consegue, não porque detenha igualável sabedoria ou experiência, ou mesmo porque o faça de forma menos onerosa, nada disso. A diferença reside no facto do Prático ter discernimento, e opinião fundada - coisa incómoda -, enquanto o embarcadiço é apenas um rebotalho, um sucedâneo inapto e alarve, desses que a abastada sociedade hodierna, indulgente e perniciosa, produz em catadupa. Uma sociedade que perdeu o sentido ético, o hábito da disciplina, a exigência da responsabilidade e da responsabilização pessoal e institucional.
A corja manda, e manda para benefício dos seus, sejam eles capazes ou incapazes - de preferência, incompetentes e irresponsáveis, que pensam menos, não chateiam e são sempre controláveis.
A corja é a máfia que vive do oportunismo e do logro, explorando o que é de todos, saqueando o erário público, ludibriando os ingénuos e ameaçando os lúcidos. Com tal gente não há navegação segura, nem mesmo costeira, nem apenas para entrar e sair dos portos, pois se vão dispensando os Práticos, substituindo-os por betinhos do Jet Ski ou batoteiros do jet-set.
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