A Praça do Infante e o Jardim da Constituição; corrigir o destrambelho de 2009.

A Praça do Infante devia ser toda repavimentada com o padrão Mar Largo de calçada à portuguesa (o mesmo que possuía e que, desgraçadamente, foi retirado); idem para o Jardim da Constituição. As razões para essa alteração prendem-se com o facto daquela calçada constituir um pavimento de qualidade e de relevante valor patrimonial arquitectónico e cultural, referenciado e preservado em todo o mundo por onde andámos a fazer calçada à portuguesa: Brasil, Cabo Verde, Angola, Moçambique, Índia, Timor e Macau; com exemplos mais recentes em Espanha e nos Estados Unidos da América.

Assim, toda essa área ficaria liberta de obstáculos para poder funcionar plenamente como sala de visitas da cidade e local de realização de espectáculos e feiras temáticas (Feira Medieval; Feira do Livro, etc.).

Consequentemente, teria de ser removida aquela coisa a que chamam fonte cibernética que, estupidamente, utiliza água num local afectado por ventos frequentes, de Norte ou Sueste (com evidente desperdício do precioso líquido), e que tantas vezes torna incómodo permanecer, ou simplesmente passar, nas proximidades; e porque essa “instalação” pseudo cibernética, que nunca funcionou bem, ocupa imerecidamente um dos espaços públicos mais importantes da cidade.

A estátua do Infante poderia manter-se onde está, descentrada na Praça, ou reposicionada perto da estátua do Gil Eanes, cada um com o seu pano de muralha em fundo. Assim se ganhava para o uso humano aquele espaço magnífico, e assim se remetia a estátua da figura histórica para a devida dimensão do seu relacionamento com Lagos já que, mesmo tendo possuído o senhorio da Vila, pouco por cá terá andado e raramente terá habitado, sabendo-se que só residiu na região de forma permanente nos últimos 14 anos da sua vida, e mesmo então dividindo-se entre a Raposeira e Sagres.

O espaço pavimentado com o motivo 'Mar Largo'.
Os pontos vermelhos reposicionam as estátuas de Gil Eanes e do Infante D. Henrique.

Infelizmente, não foi construído nada semelhante à proposta acima, foi feito o que consta na imagem abaixo. E, agora, seria dispendioso corrigir, se tal fosse possível. E não é possível porque os políticos são reféns de conjunturas artificiais, por eles criadas, e que impedem o funcionamento racional das instituições. Os políticos tornam-se reféns de uma mecânica que cria apetências e desejos no eleitorado, e que depois se sentem obrigados a providenciar. Mas por muito dispendiosa que fosse esta "correcção", seria incomensuravelmente mais barata do que a obra feita em 2009.

E os custos de manutenção do espaço seriam infinitamente menores. Basta retirar a diatribe com a água, os jardins e as árvores (prejudiciais à muralha), e os custos de manutenção do espaço reduzem-se drasticamente. Acresce que a "correcção" facilitaria as soluções de drenagem de todo o perímetro, anulando ou reduzindo grandemente os espaços de quota negativa actualmente existentes e que funcionam como bacia de retenção das águas.

Talvez no futuro alguém tenha coragem para corrigir este magnífico espaço da nossa cidade. Alguém que não seja refém de si próprio ou da sua sombra.

Quando o "belo" é inimigo dos valores do património e da lógica de espaço funcional.


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