Foto: há poucos dias, na cidade de Lagos, seguindo o doce aroma dos hidrocarbonetos cozinhados.
Sempre que se trata de sacar milhões aos contribuintes — perdão, de
"defender o ambiente" — o Estado transforma-se numa máquina
eficiente, criativa e implacável. Impostos? Temos para todos os gostos: IA,
ISV, IUC, e ainda um vasto catálogo de tributos sobre os combustíveis, porque,
como se sabe, nada polui mais do que o cidadão comum a tentar ir trabalhar.
E o mesmo Estado, tão zeloso na arte de taxar, torna-se subitamente míope — ou será cego por conveniência? — quando confrontado com a corrupção escandalosa em certos Centros de Inspecção Automóvel. As viaturas a deitar fumo negro pelos escapes continuam alegremente na estrada, mas está tudo dentro da legalidade… ou, vá lá, dentro da "vista grossa".
Claro que não se trata de corrupção — não sejamos injustos! —, é apenas uma encantadora mistura de indiferença institucional, desresponsabilização crónica e um talento notável para fingir que nada se passa. Ou seja, é apenas uma inofensiva combinação de incompetência, desleixo e um subtil desprezo pela legalidade.
Até quando teremos de suportar ministros que só acordam para o retrato, secretários de Estado cuja principal função é aquecer a cadeira, e directores-gerais cuja produtividade se mede em cafés tomados ao longo do dia? Talvez estejam todos em missão de estudo... do próprio umbigo.
Mas não desesperemos. Com um pouco de sorte, em breve haverá um novo imposto sobre o sarcasmo. E aí, sim, estaremos todos verdadeiramente tramados.
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