Não leio gajos que escrevem pior do que eu – e nem sou escritor, nem tenho pretensões a tal. Como diz o Vasco Pulido Valente, faço parte do número de pessoas que escrevem mas que não são escritores.
Não discuto a originalidade, a imaginação, o engenho dos enredos criados pois, disso - ao nível do José Rodrigues dos Santos -, tenho de sobra. Discuto a forma como se escreve. Já sobre o Saramago não perco tempo a discutir a forma porque o engenho das suas histórias e a originalidade dos conteúdos ofuscam completamente qualquer outro aspecto literário.
O José Rodrigues dos Santos escreve pobremente. Usa uma sintaxe enfadonha, de longas construções frásicas, entediante repetição de vocábulos, e demasiadas palavras enormes. Tudo isto conferirá, certamente, motivo de desinteresse para o jovem leitor – aquele que cada vez lê menos (?). E para o cativar para a leitura é exactamente o oposto que deve ser feito.
Do Prólogo do “Fúria Divina”: «As luzes dos faróis rasgaram a noite glacial, prenunciando um fragor cavado que logo se ouviu aproximar. O camião percorreu a Prospekt Lenina devagar, o estrépito do motor sempre em crescendo, e abrandou quando chegou perto do portão. O veículo virou lentamente, galgou a ladeira com um ronco de esforço e imobilizou-se diante das grades do portão, os travões a soltarem um guincho desafinado, o motor a bufar de exaustão(…).»
E mais adiante:
«(…) “Onde está ele?”, quis saber Ruslan.
Vitaly olhou de esguelha para uma porta lateral.
“No quarto, a dormir. Não se esqueçam de que são duas horas da manhã.”
Ruslan olhou para os dois homens que o acompanhavam e fez um gesto na direcção da porta. Sem uma palavra, os elementos do seu comando foram imediatamente pôr-se em posição, ambos encostados à parede, um de cada lado da passagem (…)»
O José Rodrigues dos Santos escreve pobremente. Usa uma sintaxe enfadonha, de longas construções frásicas, entediante repetição de vocábulos, e demasiadas palavras enormes. Tudo isto conferirá, certamente, motivo de desinteresse para o jovem leitor – aquele que cada vez lê menos (?). E para o cativar para a leitura é exactamente o oposto que deve ser feito.
Do Prólogo do “Fúria Divina”: «As luzes dos faróis rasgaram a noite glacial, prenunciando um fragor cavado que logo se ouviu aproximar. O camião percorreu a Prospekt Lenina devagar, o estrépito do motor sempre em crescendo, e abrandou quando chegou perto do portão. O veículo virou lentamente, galgou a ladeira com um ronco de esforço e imobilizou-se diante das grades do portão, os travões a soltarem um guincho desafinado, o motor a bufar de exaustão(…).»
E mais adiante:
«(…) “Onde está ele?”, quis saber Ruslan.
Vitaly olhou de esguelha para uma porta lateral.
“No quarto, a dormir. Não se esqueçam de que são duas horas da manhã.”
Ruslan olhou para os dois homens que o acompanhavam e fez um gesto na direcção da porta. Sem uma palavra, os elementos do seu comando foram imediatamente pôr-se em posição, ambos encostados à parede, um de cada lado da passagem (…)»
E continua nesta toada de leitura fatigante enxameada de vacuidades literárias.
Vejamos:
«Os faróis rasgaram a noite glacial, prenunciando o fragor cavado que se acercou. O camião percorreu a Prospekt Lenina devagar, o estrépito do motor em crescendo abrandou ao aproximar-se do portão. O veículo virou lentamente, galgou a ladeira num ronco de esforço e imobilizou-se diante das grades, com os travões a soltarem um guincho desafinado e o motor a bufar de exaustão.» Não?
E na segunda parte:
«“Onde está ele?”, quis saber Ruslan.
Vitaly olhou de esguelha para uma porta lateral. Será possível olhar de esguelha para uma porta frontal?
“No quarto, a dormir. Não se esqueçam de que são duas horas da manhã.” Não bastaria: «A dormir. São duas da manhã.»(?)
Ruslan olhou para os dois homens que o acompanhavam e fez um gesto na direcção da porta. Sem uma palavra, os elementos do seu comando foram imediatamente pôr-se em posição, ambos encostados à parede, um de cada lado da passagem (…)» «Os dois homens… ambos…. um de cada lado», porque não: Ruslan olhou para os homens que o acompanhavam e fez um gesto na direcção da porta. Sem uma palavra, eles colocaram-se em posição, encostados à parede, um de cada lado da passagem.»(?)
Não está cá tudo o que o autor disse, mas em menos palavras, de forma mais límpida e leve? E não me venham com a treta dos estilos, que o JRS não tem nível nem tarimba para construir um estilo.
Vejamos:
«Os faróis rasgaram a noite glacial, prenunciando o fragor cavado que se acercou. O camião percorreu a Prospekt Lenina devagar, o estrépito do motor em crescendo abrandou ao aproximar-se do portão. O veículo virou lentamente, galgou a ladeira num ronco de esforço e imobilizou-se diante das grades, com os travões a soltarem um guincho desafinado e o motor a bufar de exaustão.» Não?
E na segunda parte:
«“Onde está ele?”, quis saber Ruslan.
Vitaly olhou de esguelha para uma porta lateral. Será possível olhar de esguelha para uma porta frontal?
“No quarto, a dormir. Não se esqueçam de que são duas horas da manhã.” Não bastaria: «A dormir. São duas da manhã.»(?)
Ruslan olhou para os dois homens que o acompanhavam e fez um gesto na direcção da porta. Sem uma palavra, os elementos do seu comando foram imediatamente pôr-se em posição, ambos encostados à parede, um de cada lado da passagem (…)» «Os dois homens… ambos…. um de cada lado», porque não: Ruslan olhou para os homens que o acompanhavam e fez um gesto na direcção da porta. Sem uma palavra, eles colocaram-se em posição, encostados à parede, um de cada lado da passagem.»(?)
Não está cá tudo o que o autor disse, mas em menos palavras, de forma mais límpida e leve? E não me venham com a treta dos estilos, que o JRS não tem nível nem tarimba para construir um estilo.
23 comentários:
Como os putos adoram estas ficções fantásticas pode ser que o excesso de palavreado funcione pedagogicamente, pelo menos apreendem léxico correctamente escrito. Se não serve para mais, isto já não é pouco.
escreve mal? se calhar é por isso que todos os livros dele são best-sellers e a editora continua a publica-los. Opinões como a sua não devem ser generalizadas, porque segundo parece, o público gosta, e continua a ler os livros dele. Logo, a "fórmula" parece agradar.
Caro anónimo, o facto de um livro alcançar o estatuto de best-seller não faz dele uma obra de qualidade. Normalmente, os livros que mais se vendem apresentam enredos que atraem o grande público e, com isso, garantem a venda de muitos exemplares. E quando não é bem assim, o marketing publicitário encarrega-se do resto. E bem sabemos como uma boa estratégia de propaganda consegue vender gato por lebre. Em resumo, como a carneirada deseja é um enredo com um final feliz, é isso que se lhes dá. Portanto, o facto de um escritor vender muitos livros não é suficiente para lhe garantir um lugar de destaque na história da literatura, a confirmação da sua qualidade, da sua grandeza. Guerra Junqueiro vendeu muitos mais livros do que Antero de Quental mas a história encarregou-se de estabelecer o lugar de cada um deles. E hoje sabemos que o Quental é um dos maiores poetas portugueses de sempre, ao passo que o Junqueiro…
Portanto, fique lá com o seu vendedor de livros que eu continuarei em busca de quem saiba escrever.
«Em Portugal escreve-se muito mal. Muitos escritores à força de o quererem ser deixam de o ser, como por exemplo José Rodrigues dos Santos, que não existe como escritor, jornalista ou pivô. Não existe uma crítica literária em Portugal e os lobbies acabam sempre por vencer. Faz falta a muitos escritores passarem pelas redacções dos jornais. Há uma grande ausência de curiosidade nas pessoas e a imprensa em Portugal não cumpre o seu dever e omite, muitas vezes, por ignorância. Por isso, é urgente as pessoas desenvolverem um sentido crítico.»
Baptista-Bastos
José Rodrigues dos Santos, esse grande escritor que todas as noites, na RTP, nos brinda com os seus “têm a haver”, “tratam-se de casos” e outros mimos literários de primeira água.
Se calhar o público compra porque os livros são maus. Não me parece que o JRS tenha a pretensão de ser Nobel da Literatura. A mim pessoalmente as pretensões de se tentar ser pseudo-intelectual em busca de "quem saiba escrever" parece-me no minimo...uma futilidade. Os livros, e o cinema servem para entreter, e goste-se ou não o JRS sabe fazê-lo muito bem.
«A mim pessoalmente as pretensões de se tentar ser pseudo-intelectual em busca de "quem saiba escrever" parece-me no minimo...uma futilidade».
Vá lá, anónimo, tu não querias dizer "futilidade", mais sim algo mais contundente. Não reprimas o rancor que te vai na alma porcina. Deita cá para fora o insulto... Faz-te bem.
Essa do "pseudo-intelectual" denunciou-te, sabes?!
De facto, errar na conjugação de um verbo defectivo e impessoal pode ser falta perdoável a mim e ao ignorante que me acusa de pseudo-intelectual, mas não a um pivot da Tv, jornalista e escritor. Já em relação ao "têm a haver", é erro que não cometo. Pelos vistos o famoso escritor comete - tal como o seu ignorante defensor.
exemplos correctos:
"Têm a ver"
"Trata-se de casos novos"
"Trata-se de pessoas que não sabem o que dizem"
Estou a gostar desta troca de opiniões, mas gostaria mais se o "Anónimo" não fosse anónimo. Quando damos uma opinião devemos dar a cara, nunca dar uma opinião e esconder a cara.
Eu não sei escrever, mas gosto de ler.
Tenho aqui sobre a minha secretária "A fórmula de Deus" que já muitas vezes comecei e não avanço, portanto não dou opinião porque ainda não li... com a cabeça no lugar.
Normalmente não me entusiasmo por best-sellers, mas gosto de conhecer os novos escritores, para depois fazer as minhas escolhas.
Francisco, como agora já sei que este Blogue é seu, deixe-me dar-lhe os parabéns por esta bela fotografia com que abre o Blogue.
Tudo nela é fantástico.
Bom domingo
Maria
Na Net o anonimato, sobretudo o anonimato recorrente, deixa de o ser. A mim não me incomoda muito. Embora raramente tenha recorrido a essa fórmula, sou a favor da possibilidade de tal opção. Já deparei com denuncias verdadeiras que só a coberto do anonimato podiam ser feitas, portanto... acho que o preço a pagar é aceitável.
Quanto ao totó.... hehehehe... é um "amigo" de estimação que me vem animar de vez em quando.
;)
Seguindo a sapiência e gramática do anónimo, digo: a mim, pessoalmente, a pretensão de se tentar ser pseudo-intelectual em busca de "quem saiba escrever" parece-me, no mínimo, uma futilidade. Os livros e o cinema servem para entreter, e, goste-se ou não, o JRS sabe fazê-lo muito bem. Digo mais, a masturbação também é um bom entretenimento. Na falta de melhor, claro. A leitura das "Ginas" e das entrevistas da “Playboy” costuma ser um bom estímulo intelectual. Ao contrário, Os 11 000 Vergalhos, de Apollinaire; a Justine, do Divino Marquês; a Poesia Erótica de Safo, de Rilke e de Nemésio ou a versão cinematográfica de Decameron, por Pasolini, são uma pura maçadoria. Coisa de pseudo-intelectuais que não descobriram o prazer do entretenimento proporcionados pela literatura e pelo cinema. Uns fúteis e medíocres que não atingem a profundidade do pensamento anónimo, nem a grandeza de JRS.
"a Poesia Erótica de Safo, de Rilke e de Nemésio ou a versão cinematográfica de Decameron, por Pasolini, são uma pura maçadoria. Coisa de pseudo-intelectuais que não descobriram o prazer do entretenimento proporcionados pela literatura e pelo cinema."
Ahhh, então sou um desses pseudo-intelectuais, que procura mais do que simples recreação e diversão na Literatura. Quanto ao JRS, nem perco tempo com cowboyadas de segunda.
A esse respeito estamos conversados.
Na eventualidade do Jorge Ferreira ter sido o autor do primeiro comentário anónimo, apresento as minhas desculpas pela forma agreste como lhe respondi. Refiro-me, obviamente, à forma e não ao conteúdo do assunto em discussão (sobre o assunto, já marcámos as nossas posições). É que, por coincidência, usou uma expressão muito ao agrado de um “amigo” de estimação que, de vez em quando, excitado, vem aqui repeti-la. São preciosidades da alta estima blogosférica que, naquele caso, é recíproca, confesso. Como nem me dei ao trabalho de comparar os IP’s no Activemeter que vigia este blogue, terei cometido um erro de identificação. Por tal, reitero as desculpas ao Jorge Ferreira, concidadão lacobrigense merecedor do meu respeito, sem quaisquer reservas.
«Uma das minhas prendas de natal foi "O sétimo Selo", o livro de José Rodrigues dos Santos, tinha lido os anteriores e gostado muito, este para mim foi uma enorme desilusão.
Para um livro com enredo que gira à volta do aquecimento global, bem que o escritor podia ter contribuído para diminuir esse problema, o livro podia ter menos um terço das páginas. A evolução da concentração de monóxido de carbono na atmosfera e os seus efeitos é descrita três vezes, a explicação sobre as reservas petrolíferas é dada duas vezes, a partir do meio o livro torna-se repetitivo.
Não sei se as editoras pagam à página impressa, mas este livro podia ter menos um terço das páginas, contava a mesma história e sempre se poupavam uns milhares de arvores.
Já agora, a imagem da capa do livro, chama-se The Essence of Imagination ” e é uma montagem fotográfica de Ralph A. Clevenger e segundo este site , foi imaginado para representar o conceito de que aquilo que vemos nem sempre é o que imaginamos....como o livro!.
Jorge Soares
PS:Post publicado inicialmente no blog:O que é o Jantar
PS2:Perguntava a Pepita se aqui também podemos dizer mal, não só podemos como devemos, se a nossa opinião de um livro não é positiva, se na nossa opinião não é um bom livro, é isso que devemos dizer.»
Li todos os romances deste autor e acho que não sendo um mestre da escrita, a qualidade literária é qb para suportar tramas interessantes com uma visão nunca simplista e com muito trabalho de investigação prévio.
PF
«...eu apenas junto no meu texto a Margarida, o Miguel Sousa Tavares e o José Rodrigues dos Santos porque João Pedro George aplicou aos três a mesma receita crítica. E olhe que ele não foi nada meigo com nenhum dos três. Quanto aos meus gostos, folheei os livros da Margarida, não gostei; li passagens dos romances de Rodrigues dos Santos, achei que tinha alguns méritos; quanto ao Miguel Sousa Tavares, gosto dos contos, sim, e das crónicas, claro...»
Confundir Margaridas e Josés Rodrigues [suponho que o romancista, não o repórter de guerra] com o MST, só de loucos.
«... nunca me farto de comparar a escrita básica do Dan Brown à do José Rodrigues dos Santos. ...»
"'Oque é um bom livro?' Para José Rodrigues dos Santos 'é aquele que está bem escrito e conta uma boa história. Se o romance está bem escrito mas a história não presta, o romance não é bom. Se a história é muito boa mas o romance está mal escrito também não é bom.' Pelo visto, ou melhor, lido, os portugueses consideram que os romances dele estão bem escritos. E têm boas histórias."
os portugueses consideram que os romances dele estão bem escritos? Eu não!!!
Tive conhecimento deste blogue (interessantíssimo) há apenas um dia, e já por aqui ando a dizer também das minhas. Acho que posso. Sobre este assunto, há muito que se lhe diga. Deixarei aqui apenas duas pistas: a primeira, retirada da crítica de um crítico literário: há best-sellers e há besta-sellers. O leitor deverá saber discernir entre estes dois conceitos; a segunda, é que anda por aí muito escritor parasita, isto é, alguém escreve-lhe os livros a partir de ideias que o pretenso escritor lhe fornece, e para ele trabalha a tempo inteiro. Depois é só colher os louros. E é deste modo que os calhamaços nascem como cogumelos. Por que digo isto? Simplesmente porque já recebi uma proposta dessas, que obviamente recusei.
Cara Isabel, para além do testemunho da jovem Catarina, que trabalha numa editora e, amiúde, depara com situações em que uns estagiários ou contratados mal pagos redigem páginas, capítulos e livros inteiros, como quem enche chouriços, desfazendo assim o mistério que constitui a possibilidade de certos autores conseguirem produzir anualmente um best-seller de 300/400 páginas quando lhes conhecemos uma ocupação profissional diária manifestamente e publicamente ocupadora e cansativa. Para além dessa moda importada dos states, para Europa (coisa do último quartel do século XX), e das variações de estilística literária que diferenciam o nome da lombada, - o daquele que assina e autografa -, dos que verdadeiramente escreveram as palavras ali estampadas, subsiste a questão da qualidade, ou melhor da falta dela. E, se a qualidade do produto podia desculpar todas estas aldrabices, a sua ausência só gera maior revolta nos cérebros funcionais - dos disfuncionais já sabemos o que esperar. E ainda me aparecem aqui uns cromos a defender a qualidade da literatura desses best-sellers, fundamentando-a na quantidade de exemplares vendidos e no reconhecimento da multidão ávida de diversão.
Bah…
“Para ser escritor, é indispensável ter alguma coisa, própria e nova, para dizer. É preciso matéria. Sem isso, que não é tudo, só o silêncio preserva o ambiente.”
Pois, isso NÃO é tudo. È pouquíssimo.
Plenamente de acordo consigo, Francisco. À Literatura o que é da Literatura.
Próprio de um país que tem por besta-seller um mentecapto que profere alarvidades destas no Telejornal (de ontem à noite): «Pinto Monteiro quer apurar que crimes podem ter sido cometidos e, se sim, quais.» Maravilhoso, não é? Claro que tem a assinatura do autor de O Códex 632. Mais uma para juntar ao extenso rol de disparates que diz e escreve.
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