Do Pensar ao Agir





Do Pensar ao Agir
Ninguém morre afogado ao cair ao mar; morre afogado se lá ficar.

O rumo viável para a sociedade hodierna é o da melhoria e aperfeiçoamento constantes através de reformas permanentes e consecutivas dos instrumentos, dos mecanismos e das instituições das sociedades democráticas que conhecemos, sabendo-as imperfeitas e muito deficitárias em vários aspectos.

A caminhada é árdua e cheia de escolhos, mas sempre assim foi ao longo da História. História em que os humanos tiveram de enfrentar uma Natureza que não facilitou subsistência, que não se criou à medida da humanidade, que teve, portanto, de ser domada e conquistada. Desafios em que os grupos tiveram, também, de enfrentar comunidades concorrentes, por vezes até à aniquilação do outro. E hoje, o desafio maior que se coloca exige que a civilização corrija a sua actuação global sob pena de comprometer irremediavelmente a sustentabilidade do planeta.

Ora, essa mesma História também ensina que as alternativas aos modelos democráticos conduzem a formas opressivas e totalitárias que suprimem todas as liberdades individuais e condicionam gravemente as liberdades colectivas. Afastando-se, portanto, dos ideais e valores do Humanismo e da Razão tão trabalhosamente conquistados e adoptados pela epopeia civilizacional edificadora de um racionalismo ético e moral.

Resta-nos, pois, esse caminho truculento de azedumes, irritações, gritarias, e das estultícias que bastas vezes enlameiam o concurso da inteligência; a par dessa caminhada desejável, mais ou menos harmoniosa, mais ou menos progressista, mais ou menos pacífica. É assim, naturalmente.

É assim, mas é difícil de compreender pela maioria das pessoas que, habituadas às facilidades e comodidades de 70 anos de paz e prosperidade (pelo menos em grande parte do mundo ocidental), não aceitam as fraquezas da vida em democracia, falhas protagonizadas por toda a sorte de oportunistas e trambiqueiros, pela cobiça e ganancia dos que procuram o lucro e a riqueza desmesurada, o brilho dos metais preciosas e das enganadoras lantejoulas, a fama e o reconhecimento público da sua identidade e da sua vaidade.

Porém, não há alternativa aceitável a esta luta constante, a este esgrimir permanente da paciência e da lucidez. A História mostrou-o repetidamente; as experiências alternativas resultaram sempre em pesado sofrimento e brutal aniquilação de milhões de seres humanos.

Se o que temos não é perfeito, então aperfeiçoemos. Não existe nenhuma democracia perfeita, e a alternativa à democracia será sempre algo muito pior. Se Pensar é relativamente fácil, já a acção poderá ser mais difícil. Porém, há algo muito importante a dizer sobre o Agir: Toda a mudança que se deseja tem de começar dentro de nós.

F. Castelo
2020.04.28

1 comentário:

David R. Oliveira disse...

Aqui nos Claustros existe vida. Salvé!
Este meio é bem melhor que o Facebueiro. Até para monossilabar.
Abraço